Título: Caixa brasileiro está entre os maiores dos emergentes
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2008, Economia, p. E1

No cenário mundial, especialmente em meio à crise da economia, ter US$ 200 bilhões em reservas é algo muito relevante. Contribuir para diminuir a percepção do risco Brasil é um dos efeitos mais imediatos. Antes da turbulência detonada com a falência do Lehman Brothers, no dia 15 de setembro, as reservas contribuíram fortemente para o Brasil alcançar o investiment grade conferido por duas das três principais agências de rating mundiais. Para estas entidades, as questões sobre a qualidade e a quantidade das reservas têm peso decisivo na outorga de grau mais avançado.

Mas, se fosse comparada com as outras reservas das nações desenvolvidas ¿ ou dos emergentes ¿ qual seria, relativamente, o peso do montante acumulado no país?

Frente à China, o emergente mais poderoso, a poupança brasileira é bem modesta. Afinal, o povo chinês dispõe de reservas estimadas em mais de US$ 1 trilhão. O PIB do Brasil em 2007 foi US$ 1,3 trilhão.

Outro emergente e integrante dos BRIC (sigla para denominar o conjunto de economias emergentes formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China) que tem mais recursos que os brasileiros à disposição é a Rússia. Segundo levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), fechado em agosto de 2008, o caixa dos russos abrigava quase US$ 582 bilhões, soma bem mais relevante que os US$ 64,4 bilhões dos quais dispunha no início de 2004.

Mesmo dispondo de reservas tão poderosas, os analistas russos querem que o governo tenha cautela no manejo dos recursos frente à crise. Em reunião na semana passada, ministros das Finanças de nações integrantes da ex-União Soviética se reuniram para mensurar os gastos. As reservas russas de ouro e câmbio já caíram US$ 50 bilhões.

No caixa do outro integrante do BRIC, a Índia, repousam US$ 295 bilhões. Entre as nações desenvolvidas, os Estados Unidos possuem US$ 720 bilhões, mesmo patamar das reservas do Reino Unido. No Japão, a resposta às turbulências da crise podem ser amortecidas com reservas estimadas em quase US$ 997 bilhões.