Título: Reunião do Mercosul fortalece idéia de integração
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Jornal do Brasil, 28/10/2008, Economia, p. A19

Conselho do Mercado Comum descartou medidas protecionistas

Ayr Aliski

BRASÍLIA

Mais do que garantir a implantação de medidas que efetivamente combatam os efeitos da crise financeira internacional, a VII Reunião Extraordinária do Conselho do Mercado Comum, realizada ontem em Brasília, assegurou que pelo menos por enquanto os países da região não adotem medidas protecionistas uns contra os outros.

Depois de uma tarde de discussões, representantes do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela disseram que é preciso reforçar a integração regional. Em nota oficial, reforçaram que "o aprofundamento da integração regional e o fortalecimento dos laços comerciais e de cooperação financeira podem contribuir de maneira decisiva para a manutenção do crescimento, preservando e ampliando as conquistas econômicas e sociais dos últimos anos".

A adoção de medidas protecionistas pela Argentina, de forma a evitar uma "enxurrada" de produtos brasileiros (mais baratos, depois da desvalorização do real) foi descartada pelas autoridades. Eventuais distorções podem ser corrigidas com mecanismos já previstos do Mercosul, afirmaram. O chanceler Celso Amorim, entretanto, destacou que a reunião foi realizada a partir de sugestão da Argentina, e que o Brasil foi apenas o anfitrião.

Questionado sobre adoção de mecanismo conjunto para conter eventual chegada de produtos de outros blocos ou países (em especial, a China), Amorim disse que "poderemos coordenar os mecanismos individuais. Se quisermos um mecanismo conjunto, temos que criá-lo", afirmou o ministro.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, participaram dos debates. Mas apesar de a reunião ter sido realizada com a presença de autoridades econômicas dos países da América do Sul, o grupo que transmitiu os resultados foi formado basicamente por diplomatas.

¿ A solução para a crise é mais integração, mais comércio, menos subsídio e menos distorção", disse Amorim.

Ganhou força a idéia de que é necessário uma reforma profunda e abrangente da arquitetura financeira internacional. Participantes do encontro reafirmaram que a crise é "importada", mas com efeitos para todo o mundo.