Título: Sharon suspende entrega de cidades a palestinos
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/02/2005, Internacional, p. A9

Em represália ao atentado à boate The Stage, em Tel Aviv, que matou quatro pessoas na noite de sexta-feira, Israel anunciou que vai suspender o plano de transferir o controle de segurança das cidades da Cisjordânia aos palestinos, até que combatam a Jihad Islâmica.

- O processo está congelado até que Israel avalie se o governo do presidente palestino Mahmoud Abbas está realmente tomando as medidas necessárias contra a Jihad Islâmica e outros grupos terroristas - justificou o porta-voz do Ministério da Defesa.

Além disso, representantes da Jihad Islâmica serão impedidos de irem ao Cairo, para uma reunião na qual a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e grupos militantes discutem o cessar-fogo, em 5 de março.

Apesar das medidas, não há indícios de que o governo israelense esteja preparando uma resposta militar contra membros do movimento extremista, segundo o jornal Ha'aretz. Mas ficou claro que Tel Aviv agora vê a Jihad Islâmica como um grupo ''estranho'' à trégua acordada entre Israel e a ANP, em 8 de fevereiro.

Colunistas do Ha'aretz afirmam que é mais provável que o premier Ariel Sharon escolha a pressão diplomática sobre a ANP a uma retaliação violenta contra os palestinos. Membros da Jihad, no entanto, terão tratamento diferente.

- Israel não vai hesitar em usar a força contra os responsáveis pelo ataque - afirmou o ministro da Defesa, Shaul Mofaz.

A pressão diplomática também foi a escolha dos parceiros do Mapa do Caminho, o plano de paz para o Oriente Médio. Os Estados Unidos, por meio da secretária de Estado, Condoleezza Rice, exigiram que a ANP encontre quem está por trás do atentado em Tel Aviv.

O alto representantes da União Européia para a Política Externa e Segurança Comum, Javier Solana, pediu a israelenses e palestinos que ''não caiam no jogo dos terroristas''.

- Reajam de modo que não ponham em risco os progressos feitos nas últimas semanas e reafirmem os compromissos assumidos em Sharm el-Sheikh - acrescentou.

Já o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, anunciou ontem que não vai à conferência sobre as reformas palestinas, em 1º de março, em Londres. Segundo Qorei, os riscos pela situação insegura nos territórios requerem sua presença na região. Abbas, entretanto, manteve seu cronograma de viagem.