O globo, n. 31931, 08/01/2021. Economia, p. 17

 

Com impasse em tecnologia, teles aposta em rede aberta para 5G

08/01/2021

 

 

Para quebrar o impasse na corrida tecnológica pelo 5G, que colocou os Estados Unidos e a China - as duas maiores economias do planeta - em lados opostos, as empresas de telecomunicações estão buscando uma saída alternativa. A aposta é desenvolver a chamada Rede Aberta, que permitiria que equipamentos de diversos fornecedores conversassem entre si, o que hoje não é possível.

O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) começará a desenvolver tecnologia de rede aberta (tecnicamente chamada de Open RAN) neste mês, com um custo inicial de R $ 20 milhões e foco na criação de soluções para provedores e redes privadas que possam ser utilizadas em a indústria nos próximos três anos. Os recursos são do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), administrado pelo governo federal.

—Este projeto começa este ano e irá desenvolver uma rede aberta e 5G. então faremos a transferência para a indústria. A rede aberta é algo que vem sendo buscado por empresas ao redor do mundo e ganhou velocidade com a disputa entre os EUA e a China - disse Gustavo Correa Lima, líder da plataforma de comunicação sem fio do CPQD.

Os especialistas prevêem que até 2025 a rede aberta será responsável por 25% a 30% dos equipamentos (hardware e software) de acesso ao 5G.

Wilson Cardoso, diretor de soluções da Nokia para a América Latina, afirma que os padrões de tecnologia serão definidos no segundo semestre.

- Open RAN traz mais fabricantes para a mesa. O governo precisa definir em quais áreas poderá usar a rede aberta, já que o equipamento precisa passar pela certificação - disse Cardoso.

A TIM fez parceria com a Telecom Infra Project (TIP) e o Inatel para criar um laboratório com redes de teste abertas para 4G e 5G para avaliar e otimizar novas soluções.

- Com a tecnologia Open RAN podemos escolher diferentes fornecedores. Isso abre a possibilidade de desenvolvimento da indústria nacional sem a necessidade de encobrir toda a cadeia, mas focando o esforço na especialização de software - afirma Leonardo Capdeville, vice-presidente de tecnologia da TIM.

Telefónica, Donada Vivo e a japonesa Rakuten Mobile assinaram um memorando para avaliar a viabilidade de arquiteturas de rede aberta em países como Brasil, Alemanha, Reino Unido e Espanha.