O globo, n. 31930, 07/01/2021. Sociedade, p. 8

 

SP discute o adiamento da segunda aplicação do CoronaVac

Ana Letícia Leão

07/01/2021

 

 

A dose única é descartada, mas um intervalo mais longo entre a primeira e a segunda serviria para aumentar o número de vacinados

Integrantes do Centro de contingência Covid-19, de São Paulo, formado por cientistas, médicos e professores que estão à frente da discussão sobre a pandemia no estado, descartaram a aplicação em dose única da vacina CoronaVac desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.

Segundo fontes ouvidas em todo o mundo, a discussão atual se baseia na possibilidade de postergar a aplicação da segunda dose da vacina. A estratégia, segundo especialistas, serviria para aumentar o número de pessoas vacinadas na primeira fase e ganhar tempo diante do controle da pandemia.

- Não tem lógica vacinar em dose única, está fora de questão. O que se discute é prolongar a ação do primeiro. Isso porque a primeira dose aparece como proteção imediata, e a segunda é a que dá suporte - explicou um dos especialistas da comissão técnica que compõe o Centro de contingência.

A discussão, porém, ainda depende da aprovação do CoronaVac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizador está em fase final de testes, e a expectativa é que os resultados sejam divulgados hoje. A partir daí, o pedido será feito para uso emergencial e também para registro definitivo da vacina no Brasil.

A proposta atual do CoronaVac, incluindo a que já foi testada em mais de 13 mil voluntários no país, é aplicar duas doses em um intervalo de 14 dias. A possibilidade de estender o espaçamento de vacinação é comum no tratamento de epidemias, embora estudos ainda sejam necessários no caso do CoronaVac.

—Isso é algo que sempre se fala em qualquer vacinação. Em alguns casos, ele retarda o segundo ou diminui a imunidade. Em outros, aumenta até, como na hepatite B. em alguns, o minério dói melhor quando o espaçamento aumenta em seis meses. Mas é uma coisa que ainda precisa ser estudada (no casO da C OronaVac). Essas coisas existem na vacinologia, mas é óbvio que não sabemos nada disso ainda sobre o coronavírus. São detalhes bem específicos - alertou o especialista.