Um dia depois de afirmar que Brasil está quebrado, presidente responsabiliza a imprensa pela polêmica em torno de sua declaração. Em reunião com ministros, assunto foi imunização contra Covid-19

 Um dia depois de dizer que o Brasil está "quebrado" e que não pode "fazer nada", o presidente Jair Bolsonaro zombou ontem da situação e disse que o país é uma "maravilha". Bolsonaro também criticou a cobertura da imprensa sobre sua declaração.

- Confusão ontem, entendeu? Que eu disse que o Brasil estava quebrado? Não, o Brasil está bem, é uma maravilha - disse o presidente, rindo, à torcida, na saída do Palácio da Alvorada.

A declaração anterior, na terça-feira, também foi dada aos torcedores na madrugada. O presidente culpou a situação em que vive o país da pandemia Covid-19 e da imprensa, o que, segundo ele, teria "potencializado" o coronavírus. No discurso, ele citou não ter conseguido ampliar a faixa de Isenção do Imposto de Renda (IR), uma de suas promessas de campanha, por falta de recursos.

Também ontem, Bolsonaro se reuniu com ministros no Palácio do Planalto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, interrompeu as férias para assistir à reunião. Outras 16 auxiliares compareceram à reunião.

Embora tenha ocorrido um dia após o discurso do presidente sobre a situação econômica, a reunião não foi convocada para tratar do assunto. O objetivo era atualizar o primeiro escalão do governo no planejamento da vacinação da população. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fez uma apresentação do plano de imunização. Segundo fontes que acompanharam a reunião, Bolsonaro pediu aos ministros que defendessem o governo nessa questão.

'NÃO HÁ MAIS NADA'

Posteriormente, em nova conversa com simpatizantes, Bolsonaro voltou a comentar o assunto, dizendo que falar que o país está quebrado não é demais.

—O que de vez em quando nos incomoda é o mal-entendido. O brasileiro sempre consegue eleger um responsável por tudo. E muitas vezes nós mesmos somos responsáveis, todos nós, ok? Eu disse ontem que a nossa dívida está na casa dos R 5 5 trilhões. Aí eu falei: "Brasil está quebrado" e eles me criticaram. Como você pode? Quem tem dívida assim né? Falar "quebrado" não tem nada a ver. Agora a gente está fazendo a nossa parte, com o pouco que temos , fazendo o suficiente.

A declaração sobre um suposto "país quebrado" foi duramente criticada por economistas na terça-feira. Embora o presidente tenha vinculado a crise fiscal à pandemia, as finanças do país estão no vermelho há mais tempo. Os gastos com o combate à Covid-19 devem fazer o Brasil fechar 2020 com um déficit histórico de mais de R $ 8,8 bilhões, mas os diamantes vêm de 2014. Em 2019, as contas públicas fecharam com R $ 8,88,9 bilhões, resultado distante da promessa feita por Guedes para zerar o déficit na gestão do primeiro nó. Para 2020, antes da pandemia, a previsão oficial era de déficit de R $ 124,1 bilhões.

A afirmação de que não pode fazer nada por falta de recursos ocorre em um momento de incertezas com o fim da ajuda emergencial. Ao longo de 2020, parlamentares e O governo tentaram montar um plano para criar um programa social mais abrangente do que o Bolsa Família.

CORTES FORAM REJEITADOS

A medida, batizada de Renda Brasil, não foi adiante por falta de consenso sobre como financiar a iniciativa sem violar as regras fiscais do país. A sugestão da equipe econômica de abrir espaço no orçamento por meio de cortes em outros benefícios foi rejeitada pelo Bolsonaro.

Nós, presidentes, também enfrentamos o desafio de lidar com o desemprego recorde. Segundo o IBGE, o número de pessoas que buscam uma vaga já ultrapassa 14 milhões e deve crescer nos próximos meses. Na terça-feira, em mais um comunicado polêmico, Bolsonaro atribuiu o alto índice de desemprego à falta de qualificação no país e disse que parte dos brasileiros "não estão preparados para fazer quase nada".