Correio braziliense, n. 21048, 09/01/2021. Economia, p. 6

 

Preocupação fiscal de Bolsonaro

09/01/2021

 

 

O presidente Jair Bolsonaro aceitou o fim do auxílio emergencial, apesar dos apelos para que o benefício continuasse sendo pago neste início do ano, porque entendeu a situação fiscal do país. Foi o que alegou ontem o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.

"Muita gente estava dizendo que o presidente nunca mais ia abrir mão do auxílio emergencial porque ajudava a popularidade dele. Nós temos um presidente da República que compreendeu a situação fiscal e não foi renovado o auxílio emergencial. Será que não é uma prova do comprometimento com o lado fiscal da economia?", desafiou Sachsida, em live.

O secretário admitiu que "havia um clamor muito grande de vários setores da sociedade pela prorrogação do auxílio emergencial", mas disse que "o presidente foi lá e vetou algo que lhe daria muita popularidade", mostrando que entende a importância de retomar a disciplina fiscal, como vem pedindo o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Nesta semana, Bolsonaro disse que o país não tem condições de manter o auxílio emergencial e chegou a dizer que não tinha condições de fazer nada, já que o país estava "quebrado". A declaração causou ruídos, mas, segundo Sachsida, foi uma forma de o presidente deixar claras as restrições fiscais do país por meio de uma expressão popular.
Diante dessa "prova" de que o Bolsonaro "está alinhado com a agenda de consolidação fiscal", o secretário de Política Econômica se disse confiante na manutenção do teto de gastos e na aprovação de reformas que podem melhorar a situação das contas públicas brasileiras.

Ele também voltou a defender a consolidação fiscal como uma forma de ajudar a população mais vulnerável neste momento. Segundo Sachsida, a prorrogação do auxílio agravaria a situação do país, pois o programa custa R$ 25 bilhões por mês. Por isso, geraria reações do mercado, o que poderia elevar a inflação e os juros, reduzindo os investimentos e os empregos.

O governo, enfatizou Sachsida, vem tentando dar uma resposta ao aumento da pobreza, causado pela pandemia de covid-19 e pelo fim do auxílio emergencial, com o Orçamento que tem para este ano. (MB)