Título: Construção civil espera crescimento de 7%
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2008, Economia, p. A20

Responsável pela formação de 14% do Produto Interno Bruto do país e com perspectiva de fechar o ano com crescimento de 7%, o setor da construção civil navega em mar de almirante e voa em céu de brigadeiro, segundo alguns de seus líderes mais representativos. E já levou ao governo planos detalhados para acelerar a edificação de moradias e reduzir o déficit habitacional do país, hoje estimado em sete milhões de moradias.

O clima é tão propício que esses líderes empresariais estiveram na semana em reunião com a ministra da casa Civil, Dilma Rousseff, apresentando plano de 15 pontos para dinamizar o setor da construção, com destaque para um projeto piloto de habitação popular no Rio de Janeiro, com ocupação de vazios urbanos e imóveis dos diversos níveis da administração e potencial para dar moradia decente para pelo menos mais 100 mil pessoas.

A inspiração para isto veio de recente viagem dos empresários para estudo do sistema habitacional do México. Lá, neste ano, foram construídas 600 mil moradias populares e o plano para o ano que vem é de construir mais 800 mil. No Brasil, a construção de casas para a baixa renda não ultrapassa a cifra de 60 mil unidades por ano.

Problema eventual

Presidente do Sindicato da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon), vice-presidente da Câmara Brasileira da Construção Civil e representante do empresariado no conselho curador do FGTS, Roberto Kauffmann esclarece as razões do socorro anunciado pelo governo para empresas do setor:

¿ É para atendimento de emergência eventual, para um grupo de 25 empresas de grande porte que, após abrirem seu capital, formaram um grande estoque de terrenos, fizeram muitos lançamentos usando recursos do mercado financeiro e que agora ficaram com dificuldades de capital de giro, em vista do encarecimento do crédito.

Kauffmann esclarece que os recursos a serem destinados a essas empresas terão custo relativamente baixo, como no caso dos destinados a financiamentos de exportação, para evitar traumas maiores.

¿ Há mais de 100 mil empresas de construção de pequeno e médio porte espalhadas pelo Brasil e que não são suscetíveis a esse tipo de problema. Logicamente, haverá uma redução nos lançamentos das grandes, mas não haverá qualquer retração no setor ¿ afirma o presidente do Sinduscon

Desta opinião partilham também Manoel Maia, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis do Rio de Janeiro (Secovi Rio), e Jonas Jonas Zylbersztajn, vice-presidente da construtora e incorporadora RJZ Cyrela.

¿ Num momento de crise, mesmo distante, qualquer incentivo será muito bem aceito - diz Jonas Zylbersztajn.

Ele destaca que a Cyrela está bem capitalizada, e que os problemas das empresas que, por estarem investidas, ficaram com dificuldades de caixa, está muito bem equacionado, pois o custo será baixo: Taxa Referencial de juros, mais 10.

Kauffmann faz questão de destacar que o setor habitacional brasileiro vive momento positivo,contando com de R$ 16 bilhões do FGTS e R$ 30 bilhões da poupança, além de subsídios para moradias para a baixa renda. E que, já está prevista dotação idêntica para o ano que vem.

¿ Em caso de eventual carência de recursos, basta o governo liberar parte dos depósitos da poupança compulsoriamente recolhidos ao Banco Central e estará resolvida a situação diz o presidente do Sinduscon.