Título: Crise já afeta confiança do industrial
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/10/2008, Economia, p. A17
Índice da CNI revela que expectativa do setor em relação à economia é a pior desde 2005
Rivadavia Severo
BRASÍLIA
A crise financeira internacional começou a fazer estragos na confiança dos empresários da indústria por causa da restrição de crédito internacional e da queda da Bovespa, que minguaram as linhas de financiamento para exportação. A constatação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que divulgou, ontem, o Índice de Confiança do Empresariado Industrial (ICEI) de 52,5 pontos, uma queda nas expectativas dos industriais ao pior nível desde julho de 2005, quando registrou 50,7 pontos.
Mudanças
A queda na confiança do empresariado ocorreu devido à falta de crédito do exterior, onde as empresas captavam recursos a juros menores do que no mercado interno, aliada a fuga de capital de investidores estrangeiros na Bovespa.
¿ Este quadro gerou incertezas quanto ao futuro de seus investimentos e compras ¿ explicou o economista da CNI, Renato da Fonseca.
O indicador de 52,5 mostra uma retração de 5,6 pontos na confiança em relação aos 58,1 pontos apurados no segundo trimestre. Comparada ao mesmo período do ano passado, a queda foi maior de 7,9 pontos. No terceiro trimestre, o índice era de 60,4 pontos.
A confiança entre os empresários de grande porte foi a que mais caiu, chegando a 51,5 pontos no terceiro trimestre. É o pior indicador para empresários deste porte desde julho de 2002, quando a pesquisa registrou 49,9 pontos.
A pesquisa mostra que as grandes empresas estão sendo mais afetadas pela crise do que as de menor porte, já que 80% das que participaram da amostra são exportadoras, enquanto apenas 23% das pequenas vendem para o exterior. Além disso, tradicionalmente, os grandes empresários detectam antes os problemas e as oportunidades em épocas de crise. As pequenas e médias empresas sentem mais "o ambiente da crise", avalia Fonseca.
Apesar da redução da confiança, os empresários ainda se mantêm otimistas em relação à própria empresa. O índice sobre as condições atuais da empresa teve uma leve queda de 53,2 pontos no segundo trimestre para 52,4 pontos no terceiro. Em relação aos próximos seis meses, as expectativas caíram de 64,6 pontos no segundo trimestre para 56,9 pontos, também ainda no positivo.
A queda mais significativa foi quanto às expectativas sobre a economia brasileira para os próximos seis meses. Essa mudança de percepção fez com que a opinião dos empresários saísse do campo do otimismo para o do pessimismo pela primeira vez desde julho de 2005. O índice caiu de 55,4 pontos no segundo trimestre para 46,7 pontos.