Título: Classificação é vista com otimismo, diz voluntária
Autor: Bruno, Raphael
Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2008, País, p. A12

Representante da Rede Brasileira de Prostitutas e voluntária da Organização Não Governamental Davida, a gaúcha Carmem Lúcia Paz vê na inclusão das profissionais do sexo na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) um passo a mais para a regulamentação da atividade pelo Legislativo.

¿ Há 20 anos faço parte da luta pelo reconhecimento da atividade de prostituta ¿ diz Carmem, 40 anos.

Segundo ela, as associações e Ongs ligadas aos direitos das prostitutas tiveram ampla participação no debate em torno da criação da CBO, implementada em 2002 em trabalho conjunto do Ministério do Trabalho, Previdência Social e Programa Nacional de AIDS.

¿ Uma conquista que nos dá hoje, o direito de sermos classificadas como profissionais, assim como toda profissão. As palavras que estão no site do Ministério do Trabalho, não podem ser consideradas pejorativas, conforme disse um político, contestando. Elas fazem parte do nosso cotidiano, cada item de como exercer a profissão é real. Para nós, isso é consumado, um direito garantido.

Luta por direitos

A Rede Brasileira de Prostitutas foi uma dessas associações, conta. Criada há 30 anos em São Paulo com a proposta de combater o preconceito e a violência sofridos pela classe, a rede se ampliou e criou um braço independente no Rio de Janeiro. Segundo Carmem, a promoção a saúde, sobretudo o incentivo ao uso de preservativos entre as profissionais, é uma das principais preocupações da associação, que conseguiu incluir na classificação do governo os direitos e deveres das prostitutas.

¿ Eu acredito na mudança ¿ diz Carmem, esperançosa. ¿ Acredito que as pessoas possam respeitar as prostitutas e que as profissionais tenham o direito de trabalhar na atividade que escolheram, como mulheres adultas, autônomas e direito de decisão.