Título: Fluxo cambial tende a ser o pior desde 1999
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2008, Tema do Dia, p. A2

Saldo brasileiro está negativo em US$ 4,397 bilhões

Ayr Aliski

BRASÍLIA

O fluxo cambial (saldo total do movimento de câmbio incluindo não apenas a conta financeira, mas também os resultados comerciais) no Brasil está negativo em US$ 4,397 bilhões em outubro, até a última sexta-feira, dia 24. Se o mês já estivesse fechado, este seria o pior resultado mensal desde janeiro de 1999 ¿ quando a saída líquida do país foi de US$ 8,59 bilhões de dólares em meio à maxidesvalorização do real. Segundo o Banco Central, a autoridade monetária registrou saída de US$ 6,1 bilhões pela conta financeira em outubro.

No mesmo mês do ano passado, contando todos os dias do mês, a conta financeira havia fechado com resultado negativo de US$ 1,8 bilhão. Já em setembro deste ano, o saldo negativo da conta financeira foi de US$ 4,2 bilhões.

O resultado da conta financeira acumulada até 24 de outubro leva em consideração compras de US$ 21,7 bilhões e vendas de US$ 27,8 bilhões. O cálculo exclui operações interbancárias e operações externas do Banco Central. Mesmo sendo um resultado parcial, é o pior número registrado em todo o ano de 2008. Até agora, o maior déficit em um mês "fechado" foi registrado em julho, de US$ 2,5 bilhões.

Em 2008, o pior resultado no movimento de câmbio em um mês inteiro foi registrado em janeiro, quando o déficit na conta financeira foi de US$ 6,5 bilhões.

O resultado das exportações, com saldo positivo de US$ 1,7 bilhão, atenuou o cenário negativo do saldo geral do movimento de câmbio na parcial de outubro. Esse superávit foi obtido a partir de fluxo de US$ 9,5 bilhões de importações e de US$ 11,2 bilhões de exportações. O fôlego do superávit comercial, entretanto, mostra menor vigor. Em setembro, o superávit comercial registrado pelo Banco Central foi de US$ 6,9 bilhões, de US 4 bilhões em agosto e de US 2,6 bilhões em julho.

O ponto mais elevado do superávit comercial foi registrado em abril, com saldo positivo de US$ 8,4 bilhões. No acumulado entre janeiro e 24 de outubro, o saldo do movimento de câmbio ainda está positivo em US$ 12,8 bilhões, fruto do resultado comercial positivo de US$ 45 bilhões e de um déficit de US$ 32,2 bilhões na conta financeira. No acumulado de janeiro a outubro de 2007, havia um saldo positivo de US$ 73,6 bilhões no movimento de câmbio, havendo resultados positivos tanto na conta financeira, de US$ 8 bilhões; e nas operações comerciais, de US$ 65,6 bilhões.

Bolsas

O dólar fechou em queda de quase 2% ontem, refletindo o melhor humor dos mercados e os novos leilões do BC, em meio às expectativas em torno das decisões sobre as taxas de juro no Brasil e nos Estados Unidos. A moeda americana fechou cotada a R$ 2,142, em queda de 1,88%. Na mínima do dia, o dólar chegou a cair 3,3%.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) emendou o segundo dia de forte valorização. O Ibovespa ganhou 4,37% no fechamento e alcançou os 34.845 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,96 bilhões. O mercado brasileiro foi favorecido também pela recuperação dos preços das commodities (matérias-primas). As ações brasileiras preferidas pelos investidores são de empresas ligadas aos setores de petróleo e gás, bem como minerais metálicos.

O exemplo mais visível é o petróleo: o barril subiu quase 10% e bateu a cotação de US$ 68,8 na praça de Nova York (Nymex). A ação preferencial da Petrobras valorizou 6,73%; a ação preferencial da Vale, outro papel bastante influente da Bolsa, subiu 2,39%. Juntas, as duas ações movimentam mais de 30% do giro total da Bolsa.

As Bolsas européias encerraram os negócios ontem em terreno positivo, a exemplo de Londres (7,14%), Paris (9,23%), com exceção de Frankfurt (baixa de 0,30%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York sustentou alta durante boa parte do pregão, mas caiu 0,82% no fechamento. (Com agências)