Correio braziliense, n. 21051, 12/01/2021. Saúde, p. 11

 

OMS: sem imunidade de rebanho em 2021

12/01/2021

 

 

Apesar dos avanços das campanhas de vacinação contra a covid-19, uma proteção expressiva contra o novo coronavírus ainda está longe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não espera que cheguemos à chamada imunidade de rebanho nos próximos 12 meses. "Não vamos atingir nenhum nível de imunidade populacional ou imunidade coletiva em 2021", disse, ontem, Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.

Em seguida, ela insistiu na necessidade de manter as medidas de higiene e de distanciamento social, bem como o uso de máscara "pelo menos até o fim do ano". Segundo Swaminathan,"as vacinas chegarão a todos os países", mas esse é um processo que não será imediato. "Fizemos um progresso incrível. Há um ano, ninguém acreditava que teríamos mais de uma vacina sendo produzida. É uma comprovação sobre a eficiência dos cientistas do mundo, que trabalharam juntos. Mas produzir bilhões de doses demora. Precisamos ser pacientes. Não vamos conseguir proteger as pessoas do planeta inteiro de uma vez", justificou.

Na semana passada, Bruce Aylward, consultor sênior da agência, já havia alertado que os resultados das imunizações não serão sentidos agora. "A vacina salvará vidas de pessoas mais vulneráveis, mas vai demorar ao menos seis meses para diminuir a transmissão", previu. No mesmo dia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar preocupado com o risco de "as pessoas se tornarem complacentes quando as vacinas começarem a ser distribuídas" de forma mais generalizada e passarem a desrespeitar as recomendações protetivas.

Na China

Também ontem, a OMS enfatizou que a missão que vai investigar as origens da pandemia na China não tem a intenção de buscar culpados. "Trata-se de encontrar respostas científicas para a interação entre o homem e o animal. É uma necessidade absoluta. O que procuramos são respostas, não culpados ou acusados", afirmou Michael Ryan, diretor de Questões Emergenciais de saúde da agência.

Pequim divulgou que os integrantes da equipe devem chegar ao país nesta quinta-feira, uma semana após o adiamento da viagem. O grupo é formado por 10 especialistas de diferentes países — Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietnã, Alemanha, Estados Unidos, Catar e Japão. A visita é um tema muito sensível ao regime chinês, preocupado em não ser considerado responsável pela crise sanitária.