Título: Relações confusas com o Ocidente
Autor: Arthur Ituassu
Fonte: Jornal do Brasil, 27/02/2005, Internacional, p. A14

A história registrada no Irã começa com os elamitas, que habitavam a região 3 mil anos antes de Cristo (A.C.). Os medes floresceram a partir do ano 728 A.C. mas foram derrotados pelos persas em 550 A.C.

No século 4 A.C., Alexandre o Grande reinou sobre os povos locais. Antes de se tornar colônia dividida entre os impérios russo e britânico, no século 19, várias dinastias se sucederam na Pérsia (antigo Irã), que chegou a ser controlada durante 850 anos por árabes muçulmanos. No entanto, foi na colonização que o embate com o Ocidente passou a dominar a vida política da região.

Em 1906, Moscou e Londres dividiram o território em áreas de influência. Os britânicos em 1908 já exploravam o petróleo iraniano. A primeira ruptura foi em 1921, quando o general Reza Khan derrubou o último sultão Kajar, tornando-se xá Reza Shah Pahlevi, em 1926.

Em 1935, um decreto da coroa muda o nome do país de Pérsia para Irã que, durante a Segunda Guerra Mundial, foi ocupado por tropas da Grã-Bretanha e da União Soviética. O xá, simpático ao regime nazista, abdica em prol do filho, Mohamed Reza Pahlevi. As tropas soviéticas deixam a região apenas em 1946.

Nos anos 1950, o nacionalismo tomou conta do país. Em 1953, Teerã rompe relações com o Reino Unido depois que o Parlamento, sob a liderança do premier Mohamed Mossadegh, nacionaliza as companhias de petróleo estrangeiras, quase todas britânicas. A União Soviética apóia a iniciativa e inicia uma aproximação com Mossadegh. Moscou passa a comprar o petróleo de Teerã e compensa, assim, o boicote decretado na época pelos ocidentais, que protestavam contra a nacionalização.

Em 1953, Mossadegh é deposto por um golpe militar organizado pelos serviços de inteligência britânico e americano. O xá Reza Pahlevi, que estava exilado, retorna a Teerã e assume poderes ditadoriais. O premier deposto é preso.

Em 1963, o xá promove a ''revolução branca'', um plano de modernização do país que passava por uma ampla reforma agrária e pelo direito de voto às mulheres. Ao mesmo tempo, os laços com os EUA se aprofundam, inclusive no que diz respeito à compra de armas americanas, em troca de petróleo.

Apesar das reformas, a situação econômica se deteriora e a corrupção torna-se generalizada. As forças de oposição se unem na liderança do aiatolá Ruhollah Khomeini, então exilado na França. Em fevereiro de 1979, o regime islâmico assume o Irã. Em novembro do mesmo ano, um grupo radical invade a embaixada dos EUA e faz 64 reféns, que foram libertados somente em janeiro de 1981. Washington e Teerã rompem relações diplomáticas. Após o ataque de 11 de Setembro, o presidente americano George Bush coloca o país no ''eixo do mal''.