Correio braziliense, n. 21052, 13/01/2021. Política, p. 3

 

MDB põe Tebet contra candidato do Planalto

Jorge Vasconcellos 

13/01/2021

 

 

O MDB decidiu indicar a senadora Simone Tebet (MS) como candidata do partido à Presidência do Senado. A escolha da parlamentar, que até então não era uma tendência majoritária dentro da bancada, foi uma reação ao apoio do presidente Jair Bolsonaro à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), segundo relato de lideranças emedebistas. Tebet é vista, na legenda, como o nome mais viável para atrair adesões de forças não alinhadas ao Planalto, como o PSDB e o Podemos.

O anúncio da candidatura foi feito, ontem, em Brasília, pelo líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), após solenidade de filiação, ao partido, dos senadores Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Rose de Freitas (ES). Com esses dois novos quadros, a sigla, que já tinha a maior bancada da Casa, passa a contar com 15 senadores.

Eduardo Braga era um dos que também concorreram à indicação emedebista para a sucessão de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Além dele, outros postulantes eram Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE), líderes do governo, respectivamente, no Congresso e no Senado. A eleição está marcada para 1º de fevereiro.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Tebet se fortaleceu na disputa interna do partido depois que Bolsonaro deu aval, na sexta-feira, à decisão de Alcolumbre de indicar Pacheco à sua sucessão.

Ante a falta de isenção do Planalto na disputa, o MDB decidiu escolher um nome de perfil independente, não alinhado ao governo. Também pesou na decisão o apoio do PT à candidatura de Pacheco, formalizado na segunda-feira. O MDB, agora, vai buscar o aval de PSDB e Podemos, com o objetivo de formar uma aliança que garanta 31 votos para Tebet.

A parlamentar de Mato Grosso do Sul disse que, caso seja eleita, vai procurar manter a independência do Congresso em relação aos demais Poderes. Porém, ressaltou, apoiará o Executivo nas pautas prioritárias para o país.

“Significa uma independência harmônica a favor do Brasil, que precisa, mais do que nunca, da força do Senado Federal, nos momentos mais difíceis da nossa história. O Congresso Nacional tem uma grande responsabilidade: ajudar o governo num plano nacional de imunização para que nós possamos voltar à nossa rotina e salvar vidas. Estar com o governo federal na apresentação, discussão e aprovação das reformas estruturantes”, frisou.

Em nota, o MDB reafirmou a responsabilidade com a condução equilibrada da pauta legislativa para tirar o país da crise provocada pela pandemia. “A independência no comando do Legislativo é de fundamental importância neste período de crise, em que o interesse público precisa estar acima de qualquer disputa ideológica e política na reconstrução da economia e na imunização universal e gratuita contra a covid-19”, destacou o comunicado, ressaltando que a escolha por Tebet foi uma decisão unânime da bancada.

“Reafirmamos, também, o compromisso do MDB com a responsabilidade fiscal e social, com uma agenda de reformas estruturais urgentes, com a sustentabilidade ambiental, a redução das desigualdades sociais, a adoção de políticas capazes de frear o desemprego e alavancar a economia, além de um amplo programa nacional de imunização nacional contra a covid-19”, acrescentou a nota.

Concorrência

Pacheco recebeu, também ontem, o apoio do PL. A legenda, que pertence ao Centrão, conta com três senadores. Agora, os partidos em torno do senador (DEM, PSD, PT, Pros, Republicanos e PL) totalizam 30 parlamentares.

“A importância disso é que o PL vai unido, com todas as suas forças, participar da próxima gestão do Senado com a presidência do nosso senador Rodrigo Pacheco”, afirmou o líder do PL na Casa, Carlos Portinho (RJ), em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa dele.