Valor econômico, v. 21, n. 5185, 09/02/2021. Brasil, p. A4

 

Investimentos de múltis recuam US$ 400 milhões

Lu Aiko Otta

09/02/2021

 

 

Multinacionais brasileiras têm pior desempenho em investimento externo em raking com 15 países, segundo CNI

O fluxo de investimentos de multinacionais brasileiras no exterior recuou US$ 400 milhões no ano passado, o pior desempenho entre 15 países relevantes analisados em estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A falta de mecanismos governamentais de apoio faz da internacionalização das empresas brasileiras um “elo perdido” nas políticas públicas, segundo avalia a entidade.

O Brasil é o único entre o Brics que não conta com um seguro para cobrir eventuais perdas das empresas que investirem em outros países e forem afetadas por eventos políticos - expropriações, por exemplo.

Dos países analisados (África do Sul, Alemanha, Bélgica, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Índia, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia) só Brasil e Espanha não oferecem esse tipo de proteção. Os espanhóis, porém, cobrem o risco político da instituição financeira que apoia a internacionalização, coisa que não ocorre aqui.

O país está, assim, na contramão dos demais países, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi. Na saída da pandemia, acrescenta ele, será ainda mais importante o Brasil apoiar a internacionalização de suas empresas.

Empresas que atuam no exterior exportam mais, inovam mais e são mais produtivas, diz o gerente de Negociações Internacionais da CNI, Fabrizio Sardelli Panzini. “Mas esse é um elo perdido nas políticas públicas no Brasil”, afirma. O país tem menos instrumentos que seus concorrentes para apoiar empresas.

O custo tributário foi apontado como o principal problema numa pesquisa da CNI que ouviu 75 multinacionais que atuam no país e faturam de R$ 200 milhões a R$ 10 bilhões ao ano.

O Ministério da Economia informa que estuda criar um produto específico de seguro de investimento, mas que ainda depende de espaço no Orçamento.