Valor econômico, v. 21, n. 5185, 09/02/2021. Política, p. A13

 

42% consideram Bolsonaro ruim ou péssimo, diz XP/Ipespe

Carolina Freitas

09/02/2021

 

 

Mais da metade (53%) dos brasileiros desaprovam atuação de Bolsonaro diante da pandemia

A avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro cresce consecutivamente desde outubro e atingiu 42%, mostra pesquisa encomendada pela XP Investimentos ao Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). Os dados, divulgados ontem, mostram que Bolsonaro tinha 31% de ruim ou péssimo há quatro meses, passou para 34%, 35%, 40% e agora 42%. O salto de cinco pontos percentuais na avaliação negativa, de dezembro para janeiro, coincide com a segunda onda da pandemia. Houve colapso no Amazonas e pacientes com covid-19 morreram por falta de oxigênio hospitalar.

Enquanto a avaliação negativa cresce, diminuem os percentuais de quem considera o governo regular (25%) e ótimo ou bom (30%). O presidente tinha 38% de ótimo ou bom em dezembro e caiu para 32% em janeiro.

O levantamento indica que a popularidade do presidente piorou especialmente entre quem tem renda de até dois salários mínimos. Nesse grupo, o ruim ou péssimo passou de 39% para 45% de janeiro para fevereiro. O movimento acontece com força no Norte-Centro-Oeste (de 32% para 40%) e Nordeste (de 43% para 48%).

As expectativas para o restante do mandato do presidente também se deterioraram. O governo será ruim ou péssimo na opinião de 42% dos entrevistados. O índice era de 33% há apenas dois meses.

Dados da XP/Ipespe indicam correlação entre a popularidade do presidente e a forma como ele lida com a covid-19, que, no Brasil, matou 231 mil pessoas desde março de 2020. Mais da metade (53%) dos brasileiros avaliam como ruim ou péssima a atuação de Bolsonaro diante da pandemia. Essa percepção negativa piora continuamente desde outubro, quando estava em 47%. O índice não alcançou, no entanto, o pior patamar, 58%, de maio de 2020. Hoje, 53% veem a ação do presidente como ruim ou péssima, 22% como regular e 22% como ótima ou boa.

Já os governadores são considerados ótimos ou bons pela maioria (39%), regulares por 35% e ruins ou péssimos por 23%. A avaliação positiva dos governadores aumentou de 36% para 39% de janeiro para fevereiro.

Nesse período, começaram, sob a liderança do governador João Doria (PSDB), de São Paulo, as campanhas de vacinação contra a covid-19. Até então, Bolsonaro falava e agia contra a imunização. O índice de quem pretende se vacinar avançou de 69% em janeiro para 77%. Nove por cento dizem que não irão se vacinar.

A pesquisa mapeou o sentimento dos brasileiros em relação à pandemia. Para 44%, o pior já passou, ante 36% em janeiro. No mês passado, 56% dizia que o pior estava por vir, índice que caiu a 47%.

Sobre o auxílio emergencial, 53% acha que o governo deveria recriar o benefício e 17%, que deveria ampliar o Bolsa Família. Quase metade da população (49%), porém, diz que o governo não fará nem uma coisa nem outra.

Apesar das constatações negativas a seu respeito, Bolsonaro ainda é o político mais lembrado para as eleições presidenciais de 2022. Tem 21% de intenção espontânea de voto, quando os entrevistadores perguntam em quem a pessoa votaria, sem dar opções de resposta. O patamar mantém-se há um ano. Quase metade (49%) dos entrevistados disseram que não sabem em quem votar e 12% disseram que votariam em branco ou anulariam.

O segundo nome mais citado de forma espontânea foi o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por 5%. Na pesquisa estimulada, Bolsonaro fica com 28%, seguido por Fernando Haddad (PT) e Sergio Moro (sem partido), cada um com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 11%. O apresentador Luciano Huck fica com 7%, Guilherme Boulos (Psol) com 6% e João Doria (PSDB) com 4%.

A XP/Ipespe ouviu 1 mil pessoas em todo o país, por telefone, entre 2 e 4 de fevereiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.