Título: Bovespa acumula queda de 24,8% no pior mês em 10 anos
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/11/2008, Tema do Dia, p. A2
Uma variação discreta em dia de intensa volatilidade selou o mês em que a crise financeira internacional levou a Bolsa de Valores de São Paulo a amontoar recordes, todos negativos. O Ibovespa recuou 0,51% ontem, para 37.256 pontos, em meio à realização de lucros com ações de bancos e de siderúrgicas.
O giro financeiro da sessão foi de R$ 4,77 bilhões. Segundo analistas, a volatilidade mostrou a dificuldade dos investidores em encontrar referenciais para os negócios, já que enxergaram simultaneamente evidências de arrefecimento da crise financeira e o rastro de prejuízos deixado por ela.
¿ O mercado está tentando voltar à racionalidade, mas ainda está difícil medir os estragos ¿ disse André Simões, gestor de fundos do Modal Asset Management.
Outubro negro
O resultado da semana ainda foi um ganho de 18%, depois de três fortes altas. Mas, apesar de expressivo, esse sprint final não livrou o índice de acumular queda mensal de 24,8% em outubro, a pior desde agosto de 1998.
As diversas nuances do humor dos investidores em um dos piores meses da história da bolsa paulista podem ser traduzidas em números. No período, o Ibovespa teve a maior alta diária desde 1999. Registrou também a maior queda diária em uma década, numa das quatro sessões em que o circuit breaker foi acionado, depois de o Ibovespa ter ultrapassado dois dígitos de queda.
A saída líquida de capital externo superou os R$ 23 bilhões. Para analistas, passadas as turbulentas semanas desde a fatídica segunda-feira do colapso do Lehman Brothers, os numerosos esforços de governos para tentar restabelecer a engrenagem do crédito, incluindo corte de juros e capitalização de bancos, começam a aparecer.
¿ Há sinais de que os canais de crédito estão sendo retomados e que a fase mais aguda da crise passou ¿ disse Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB. ¿ A discussão agora deve voltar gradualmente para os fundamentos, à medida que o mercado tenta avaliar a devastação provocada pela crise sobre a economia e os resultados das empresas.