Título: Japão corta juros pela primeira vez em 7 anos
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/11/2008, Tema do Dia, p. A4
Para driblar efeitos da turbulência, taxa cai para 0,3%.
O Japão cortou sua taxa básica de juros pela primeira vez em sete anos ontem, diante da expectativa de manutenção do quadro de estresse da economia global. A taxa, que era de 0,5%, ficou agora em 0,5%. A medida não acalmou os mercados asiáticos, que terminaram o dia em queda ontem, porque o corte foi menor que o esperado pelos mercados. Ao mesmo tempo, o gigante financeiro britânico Barclays anunciou a captação de US$ 12 bilhões.
A decisão tomada pelo Banco do Japão seguiu o corte anunciado pelo Federal Reserve, nos Estados Unidos, movimento que deve ser repetido pelo Banco Central Europeu (BCE), Banco da Inglaterra e Banco da Austrália já na próxima semana.
A inflação anual da zona do euro desacelerou para 3,2% em outubro, informou a agência de estatísticas da União Européia. O dado deve aliviar qualquer preocupação na cabeça dos diretores do BCE sobre o avanço dos preços.
Os formuladores de política monetária têm lutado para tentar achar a resposta certa para a desaceleração global, que derrubou lucros corporativos e gerou uma queda generalizada dos mercados acionários em outubro.
O Barclays anunciou ontem que planeja levantar 7,3 bilhões de libras (US$ 12,06 bilhões) em capital extra de estrangeiros, incluindo invetidores do Catar.
No início do mês, o banco britânico disse que queira levantar recursos privados e não utilizar dinheiro do governo, como foi feito por seus rivais Royal Bank of Scotland, Lloyds e HBOS.
Placar apertado
O Banco do Japão cortou seu juro em uma decisão de placar apertado: quatro a quatro. O corte acabou tendo que ser sacramentado pelo voto do presidente do BC japonês, Masaaki Shirakawa.
O corte foi o mais recente de uma série de movimentos dos bancos centrais de todo o mundo, que têm tentado dar suporte ao crescimento da atividade econômica.
As economias da Grã-Bretanha, Europa, Japão e Estados Unidos estão encolhendo. O dado mais recente mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano caiu 0,3% no terceiro trimestre, revelou o país em anúncio anteontem.
Indicador asiático
Ontem, o índice de ações da Ásia teve mais um dia de queda, encerrando o pior mês já registrado pelo indicador acionário da região. Ainda assim, algumas bolsas de valores conseguiram fechar a semana mantendo parte dos ganhos registrados nos últimos dias, por conta de um certo otimismo em relação a novos cortes de juros.
A moeda japonesa, o iene, se valorizou e o índice Nikkei da bolsa de Tóquio acabou ampliando as perdas que eram registradas antes da decisão, fechando em queda de 5,01%.
Ao longo da semana, o Nikkei atingiu seu menor patamar em 26 anos, mas conseguiu subir cerca de 30% durante três sessões até quinta-feira. A bolsa de Seul, na Coréia do Sul, encerrou o pregão de ontem em alta de 2,61%, enquanto o índice acionário de Taiwan subiu 3,99%. A bolsa da Índia tinha alta de 6,27%.
O mercado em Cingapura registrou queda, de 0,43%, enquanto a bolsa de Sydney subiu 0,42%. Em Hong Kong, o índice local fechou em queda de 2,52%, enquanto em Xangai, o indicador acionário registrou queda de 1,97%.