Correio braziliense, n. 21059, 20/01/2021. Política, p. 4

 

Lira, agora, defende estender auxílio

Marina Barbosa 

Wesley Oliveira 

20/01/2021

 

 

Com o agravamento da pandemia e as incertezas sobre o programa nacional de vacinação contra a covid-19, a renovação do auxílio emergencial entrou de vez na briga pela Presidência da Câmara dos Deputados. A retomada do benefício, que já vinha sendo defendida por Baleia Rossi (MDB-SP), passou a ser cogitada por Arthur Lira (PP-AL). O candidato, que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), admitiu, no entanto, que ainda não conversou sobre o assunto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não vê espaço para o auxílio no Orçamento de 2021.

A possibilidade de Lira pautar a discussão sobre a renovação do auxílio emergencial, se eleito presidente da Câmara, em 1º de fevereiro, mexeu com os mercados ontem. Os analistas temem que agrave a situação fiscal do país, já que o benefício custa cerca de R$ 25 bilhões por mês, e vinham associando essa pauta a Rossi como forma de emparedar o governo. Já Lira vinha reforçando o discurso de Bolsonaro, porém, ao Correio, garantiu que não vai conduzir o assunto sem responsabilidade fiscal. A ideia, segundo ele, é trazer o assunto à tona apenas se sobrar uma brecha no Orçamento.

"Após a votação do Orçamento, se couber no teto de gastos, pode discutir um mês ou dois de auxílio, até que se prepare um novo programa social", explicou.

Mais apoios
O racha que vive o PSL desde 2019, quando Bolsonaro deixou a legenda, ganhou, ontem, um novo episódio com uma lista de parlamentares que pretendem apoiar Lira, que afirma ter o aval de 36 dos 53 deputados do partido. Com isso, a legenda deverá ir formalmente para seu bloco na disputa pelo comando da Casa.

Desde o ano passado, a direção da sigla suspendeu 17 parlamentares bolsonaristas, que não podem exercer várias atividades dentro da Câmara, como poder para opinar quando a agremiação faz ou desfaz um bloco partidário. Na composição de um bloco, metade da bancada eleita por um partido precisa se manifestar favorável. Nesse caso, o PSL precisaria da adesão de 27 deputados, dos 53 eleitos. Com a suspensão dos 17, a maioria tem de ser entre os 35 que permaneceram com direitos plenos, ou seja, 18 assinaturas.

De acordo com a lista apresentada pela candidatura de Lira, dos 36 deputados do PSL que o apoiam, 19 não estão suspensos pelo partido. Com essa maioria, a direção do PSL não deverá conseguir oficializar sua entrada no bloco do principal adversário de Lira, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP).