Correio braziliense, n. 21059, 20/01/2021. Cidades, p. 17

 

Quadro estável ainda exige atenção

Luana Patriolino 

20/01/2021

 

 

A média móvel de mortes por covid-19 e de casos da doença no Distrito Federal tem caído desde os dias 10 e 12 de janeiro, respectivamente. Analistas ouvidos pelo Correio observaram a oscilação das últimas semanas e avaliaram que tendência ainda é de "diminuição leve". O indicador, calculado com base na média observada nos últimos sete dias, revelou 726 novas notificações e 8,71 mortes no período (leia Evolução).

Ontem, a Secretaria de Saúde do DF contabilizou mais nove mortes e 612 casos da covid-19, segundo boletim epidemiológico divulgado pela pasta. Com os novos registros, a capital federal soma 4.436 vítimas da doença e 265.886 casos de infecção. Desse total, 252.768 pacientes se recuperaram dos sintomas.

"O mais preocupante nos índices é sempre a média de casos. Se eles sobem, os óbitos crescem, porque as mortes são consequência", destaca Breno Adaid, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do mestrado em administração do Centro Universitário Iesb. "A tendência é de (o resultado) ficar estável, com leve alta. Mas esse comportamento depende dos impactos das viagens e movimentações observadas em janeiro", explica.

Na avaliação do infectologista Orlando Magno Fernandes, esses números também podem sofrer efeitos decorrentes da imprecisão de alguns exames, a depender do período decorrido desde a contaminação. "Temos um índice muito elevado de falsos negativos e positivos. Principalmente por causa dos exames RT-PCR (swab nasal). Esse vírus, entre o sétimo e o nono dia da infecção, não é mais identificado em vias aéreas superiores", pontua o médico.

O epidemiologista Márcio Bittencourt lembra que a quantidade de registros depende, ainda, da frequência de testagem da população. "A (taxa de) mortalidade se descobre de duas a quatro semanas depois. O sistema de mortes também demora mais alguns dias para ser atualizado. Fora que muitos pacientes são assintomáticos ou procuram o hospital e não conseguem fazer exames", comenta.

Com o colapso da saúde observado em outras partes do país, a infectologista Magali Meirelles defende a necessidade do respeito às medidas de segurança sanitária. Para ela, a população ainda tem ignorado as recomendações. "Percebe-se um certo cansaço de boa parte das pessoas em relação a isso, o que as leva a negligenciar a prevenção da covid-19. E as internações em UTIs (unidades de terapia intensiva), devido aos casos graves da doença, costumam ser prolongadas, gerando baixa rotatividade desses leitos e, consequentemente, falta de vagas", alerta Magali.