Título: Falhas na prevenção facilitou epidemias
Autor: Correia, Karla; Abade , Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 02/11/2008, País, p. A10

Os primeiros casos de dengue no Brasil foram registrados em São Paulo, em 1851. No Rio de Janeiro, a doença demorou um pouco mais para aparecer ¿ o primeiro diagnóstico data de 1923. Uma longa campanha do governo federal para a erradicação do vetor da moléstia, o mosquito Aedes Aegypti, fez a dengue praticamente desaparecer do território nacional em meados dos anos 70. Para reaparecer com força total em 1981, com um surto em Boa Vista (RR) e em 1986, no Rio. De onde nunca mais saiu.

Segundo especialistas, o mosquito se reinstalou no Brasil vindo de países vizinhos que não obtiveram êxito em suas campanhas de erradicação, justamente no início de um processo de descontrole econômico no país que se refletiu nas políticas de saúde. O Brasil não fez o dever de casa e o mosquito da dengue voltou. Como resultado, de 1986 a outubro de 1999, foram registrados 1.104.996 casos de dengue em dezenove dos vinte e sete Estados brasileiros, segundo números da Organização Panamericana de Saúde (Opas). Só neste ano, já ocorreram 472.997 casos clínicos da doença, ainda de acordo com o organismo internacional.

Tida como erradicada em sua forma urbana desde a década de 70, a febre amarela voltou a assustar as cidades brasileiras com um surto da doença registrado entre novembro de 2007 e março deste ano, quando 26 casos da doença foram registrados no Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal e 13 pessoas morreram da doença, o que deu início a uma campanha de vacinação.

Outra doença tropical considerada "emergente" no país, a leishmaniose é considerada endêmica nos Estados das regiões Norte e Nordeste, mas a partir do fim da década de 90, passou a ser fonte de preocupação também para os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Epidemias da doença foram registrados em 1999 nas cidades de Andradina, Araçatuba e Birigui, no interior de São Paulo. Em 2003, a cidade paulista de Bauru passou a considerar a moléstia como endêmica. No mesmo ano, Minas Gerais registrou 220 casos da leishmaniose visceral, forma mais grave da doença. (K.C e L.A.)