Título: Candidatura própria pode atrapalhar aliança futura
Autor: Bruno, Raphael
Fonte: Jornal do Brasil, 03/11/2008, País, p. A6

Brasília

Outro desafio da oposição é impedir que o PMDB articule candidatura própria para 2010. Nesse cenário, uma eventual migração do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, do PSDB para a cabeça de uma chapa governista liderada pelo PMDB, configuraria verdadeiro desastre para a oposição.

Desde que a apuração dos votos das eleições municipais foi concluída, líderes peemedebistas, animados com os resultados obtidos, nutrem com mais carinho a hipótese de candidatura própria. A disputa entre governo e oposição incomoda os que não querem ver o partido reduzido a uma competição de cabo-de-guerra entre os dois lados.

¿ Essa discussão do PMDB como noiva me incomoda ¿ admite o deputado federal Cezar Schirmer (PMDB-RS). ¿ Não há nenhuma razão para achar que o PMDB tem que agir sempre de forma subalterna. Temos que começar a discutir nossa verdadeira dimensão. É hora de uma postura arrojada.

Ceticismo

Parlamentares peemedebistas de renome, contudo, se mostram céticos em relação à possibilidade de uma candidatura própria do partido, para alívio dos oposicionistas.

¿ É natural que a oposição e o governo nos procurem ¿ avalia o senador Pedro Simon (PMDB-RS). ¿ Mas minha preferência pessoal seria pela candidatura própria. Só que falta comando neste sentido.

O diagnóstico de Simon é compartilhado pelo colega de Senado e correligionário Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

¿ Pode descartar a candidatura própria ¿ diz o parlamentar pernambucano. ¿ O Aécio não vai vir para o PMDB devido ao fato de que ninguém pode ter a mínima segurança de que o partido vai dar legenda para ele competir.

Governistas, por sua vez, garantem que a parceria PT/PMDB segue firme rumo à sucessão presidencial. Figuras do partido que também saíram fortalecidas das eleições municipais, como o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, falam em afinar o tom com o PT para que os dois partidos permaneçam juntos daqui a dois anos.

¿ A aliança está muito sólida ¿ garante o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). ¿ Governamos o país juntos há vários anos e a tendência é consolidar ainda mais essa parceria. (R.B.)