Correio braziliense, n. 21062, 23/01/2021. Brasil, p. 5

 

Anvisa libera mais doses da CoronaVac

Bruna Lima 

Ingrid Soares 

Sarah Teófilo 

23/01/2021

 

 

O Brasil terá acesso a mais 4,8 milhões de doses da CoronaVac, que serão distribuídas proporcionalmente aos estados e incorporadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, em reunião da diretoria colegiada, o novo lote para uso emergencial no combate à covid-19. Essas unidades precisaram de uma avaliação à parte por terem sido envasadas e rotuladas no Brasil.

Ontem mesmo, o Instituto Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac e responsável por reproduzir o imunizante no Brasil, liberou 900 mil doses. Desse total, 200 mil doses foram levadas ao Centro de Distribuição e Logística da Secretaria da Saúde de São Paulo e as outras 700 mil foram para a central de distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos. Com esse volume, são 6,9 milhões de um total de 8,7 milhões de unidades estabelecidas, conforme o cronograma ajustado com o governo federal para entrega até 31 de janeiro. Até abril, o Butantan prometeu repassar 46 milhões de fármacos.

A aprovação pela Anvisa se estende a todas essas doses, e não apenas ao lote de 4,8 milhões que já está no país. A diretoria acatou indicação da equipe técnica para que o Butantan não precise fazer pedido de uso emergencial para os outros imunizantes a serem entregues, desde que cumpram com os mesmos requisitos e sejam produzidos nas mesmas condições. Dessa forma, à medida que o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção dos imunizantes for importado da China, o instituto poderá processar e enviar ao ministério para distribuição.

Porém, o instituto continua aguardando a autorização do governo chinês para a importação do princípio ativo. Uma carga com 5,4 mil litros do insumo, capaz de produzir cerca de 5 milhões de doses, está pronta e aguardando liberação.

Unanimidade
A aprovação na Anvisa foi por unanimidade, com voto favorável dos cinco diretores. Anteriormente, a agência havia autorizado o uso emergencial das 6 milhões de doses que vieram prontas da China. Esta nova liberação ocorreu mais rapidamente, porque parte dos critérios já havia sido avaliada.

Mas, horas antes de o novo lote de CoronaVac ser aprovado pela Anvisa, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que "não há nada comprovado cientificamente sobre essa vacina aí". A afirmação, entretanto, não se choca com os testes de eficácia e a segurança, comprovados em ensaios clínicos no Brasil.

Bolsonaro voltou a dizer que a vacinação não será obrigatória. "Não posso obrigar ninguém a tomar vacina, como um governador um tempo atrás falou que ia obrigar", disse, referindo-se a João Doria, de São Paulo. E completou: "Não sou inconsequente a esse ponto. Ela tem que ser voluntária. Afinal de contas, não está nada comprovado cientificamente com essa vacina", desdenhou.

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Lote da Índia chega ao país 

23/01/2021

 

 

Com a chegada do lote de dois milhões de doses da vacina contra covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca, a previsão é de que o Brasil tenha, já amanhã, o imunizante disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI). A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que deve liberar a carga para o Ministério da Saúde após término da checagem da qualidade e segurança das doses que passam, ainda, pela rotulagem, com etiquetagem das caixas com informações em português.

Antes de o lote de vacinas desembarcar em Guarulhos, o presidente Jair Bolsonaro agradeceu, por meio das redes sociais, ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, por ter autorizado o envio das doses. "O Brasil sente-se honrado em ter um grande parceiro para superar um obstáculo global. Obrigado por nos auxiliar com as exportações de vacinas da Índia para o Brasil", escreveu.

Mas, apesar do agradecimento ao governo indiano, Bolsonaro não foi a São Paulo recepcionar os imunizantes. Preferiu visitar o time do Flamengo, que se exercitou, ontem, no Centro de Treinamento do Brasiliense, no Setor de Clubes Sul, onde ficou por aproximadamente uma hora no local. Na chegada, foi vaiado por torcedores rubro-negros. O presidente e os jogadoresnão usam máscaras.

E ficou para a próxima semana o pedido de registro da vacina de Oxford/AstraZeneca junto à Anvisa, adiado duas vezes. (BL, IS e ST)