Título: Políticos, juízes e pastores estão entre os acusados
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2005, País, p. A3

BRASÍLIA - Uma ''vergonha nacional''. Assim a pesquisadora do Grupo Violes, Maria Lúcia Leal, classifica o fato de não ser sido aplicada punição severa para o ex-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Benício Tavares (PMDB). O deputado foi acusado de fazer turismo sexual e de explorar adolescentes durante pescaria no Rio Negro (AM), no ano passado. - É uma vergonha nacional. E isto deveria ter sido resolvido - diz a pesquisadora.

Maria Lúcia afirma que só existe a exploração sexual porque há o ''consumidor'' deste tipo de crime. Ela chama a atenção para a infiltração dos criminosos, responsáveis pelas redes de prostituição, nas instituições públicas. Maria Lúcia lamenta que casos emblemáticos, como o de Benício Tavares, não tenham condenações dos responsáveis.

- Temos de criar uma cultura de punição nesse país - afirma a pesquisadora.

São vários os casos de impunidade no país envolvendo autoridades. Em julho do ano passado, a relatora da CPI da Exploração Sexual, deputada Maria do Rosário (PT-RS), indiciou 250 pessoas envolvidas com exploração de menores, incluindo 20 políticos, quatro juízes, três pastores evangélicos e dois pais-de-santo.

O caso que mais repercutiu foi o indiciamento do então vice-governador do Amazonas, Omar Aziz (PFL). Ele foi acusado de aliciar uma adolescente no estado e ainda de tentar interferir na investigação iniciada para desbaratar uma rede de prostituição ligada a uma aliciadora amazonense. Alguns dias depois, a mesma CPI aprovou a retirada do nome do vice-governador do Amazonas da lista de pessoas cujo indiciamento havia sido sugerido.

Os trabalhos da CPI mostraram que Manaus é o ''epicentro'' de muitas rotas de prostituição infantil criadas para enviar adolescentes ao exterior. Muitas viajam para o Suriname, onde são vendidas para garimpeiros.