Título: Operação encontra apoio unânime
Autor: Pinheiro, Vinícius
Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2008, Economia, p. A18

Mantega e Meirelles aprovam e analistas se desdobram em elogios à fusão dos bancos.

A fusão dos bancos Itaú e Unibanco, anunciada ontem, apesar de ainda depender de autorização do Banco Central para ser concluído, recebeu aprovação unânime não apenas de especialistas, mas por parte das duas principais autoridades da área econômica do governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

No tom dos analistas de mercado e economistas, Mantega disse que a fusão das duas instituições financeiras, ao criar o maior conglomerado financeiro privado do Hemisfério Sul, deve fortalecer o sistema financeiro nacional e evitar problemas na liberação de crédito

Já o presidente do Banco Central, antes mesmo que o assunto seja examinado à luz das normas da Resolução 3040, de novembro de 2002, como manda a lei, distribuiu nota dizendo que "a iniciativa contribui para o fortalecimento do sistema financeiro nacional na atual conjuntura".

Mantega, após participar de reunião no Palácio do Planalto, comentou o negócio, que fará o novo banco ultrapassar em valor de ativos o até agora líder Bradesco e o Banco do Brasil, é importante:

¿ É normal que em momento de turbulência, de problemas mundiais no setor financeiro, haja movimento de fusões. Itaú e Unibanco são dois bancos tradicionais, sólidos, que têm uma atuação importante para a atividade econômica. É um fato importante que, nesse momento, eles se unam de modo a continuarem cumprindo o papel de liberar crédito ¿ afirmou Mantega. Sobre a situação do BB, apeado do posto de maior instituição bancária do país, mostrou-se conformado:

¿ A vida é assim, nada como um dia depois do outro. Ele terá chance também de se refazer. Se é o primeiro, segundo ou terceiro, não é tão relevante. Mas garanto que vai continuar crescendo.

Casamento do ano

Para o economista Paulo Rabello de Castro, diretor da SR ratings, a operação Itaú¿Unibanco foi "o casamento do ano", pois, neste momento o Brasil precisa de empresas de porte mundial.

¿ Essas duas instituições têm experiência com dificuldades de crises no Brasil, estão bem servidas por consultorias e a estrutura bancária brasileira está muito bem defendida. Espero que o novo banco esteja à altura dos juros que o Brasil vai pagar para ele existir ¿ disse Castro.

O advogado Marcelo da Silva Prado, diretor do Instituto de Pesquisas Tributárias, entende que uma negociação deste porte demonstra que o cenário econômico nacional futuro não será tão ruim quanto o norte-americano e o europeu, e sinaliza a saudabilidade do sistema bancário brasileiro.

Diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, o economista Andrew Starcer, embora aplauda a constituição de um banco maior, e assim mais capacitado para distribuição e captação de crédito, tem lá suas reservas: entende que o aspecto ruim é que a redução da competição poderá significar menos oportunidades de melhoria de serviços e para baixa de tarifas, além de uma inevitável redução de empregos, pois quem cresce com fusões normalmente quer reduzir custos.

Ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas também é entusiasta da fusão das duas instituições nacionais, pois entende que isto dá mais equilíbrio ao mercado, que registra crescente e agressiva participação estrangeira como por parte do Santander e do HSBC.

¿ Não que eu seja contra banco estrangeiro, mas a existência de grupos nacionais com porte mundial facilita a atuação do BC. Os estrangeiros, em última análise, obedecem aos bancos centrais que regulam suas matrizes ¿ explicou.