Correio braziliense, n. 21066, 27/01/2021. Brasil, p. 4
Indústria tem aval de importação
Augusto Fernandes
27/01/2021
O presidente Jair Bolsonaro deu o aval para que instituições privadas do país possam importar doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, desde que doem metade dos imunizantes ao Sistema Único de Saúde (SUS). O pleito, segundo ele, foi apresentado por setores da indústria na semana passada. A intenção dos empresários é comprar 33 milhões de doses da vacina e o Palácio do Planalto até assinou uma carta de intenção se colocando favorável à medida.
Mas a medida poder ser inócua. Apesar do interesse do setor privado brasileiro, a AstraZeneca deixou claro que não é possível atender à demanda de empresários, pois a prioridade é entregar os imunizantes a governos ou organismos multilaterais. "No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo a Covax Facility (aliança internacional para desenvolvimento de vacinas), não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado", esclareceu a farmacêutica.
O comunicado acrescentou ainda que "como parte do nosso acordo com a Fiocruz, mais de 100 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca (AZD1222) estarão disponíveis no Brasil, em parceria com o governo federal", salientou, lembrando o acordo fechado em 2020, com o Ministério da Saúde, para a distribuição de doses ao SUS.
Em evento sobre investimentos na América Latina promovido pelo banco Credit Suisse, Bolsonaro disse como surgiu a ideia dos empresários. "Semana passada, nós fomos procurados por um representante de empresários, e nós assinamos carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil a custo zero para o governo. E metade dessas doses, 16,5 milhões, entraria aqui para o SUS e estaria no Programa Nacional de Imunização, seguindo aqueles critérios, e outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários para que fossem vacinados os seus empregados, para que a economia não parasse", comentou o presidente.
Ainda segundo Bolsonaro, "no que puder" o governo vai estimular a proposta de obtenção de doses por setores da indústria a "ir à frente". "Porque, com 33 milhões de graça, aqui, no Brasil, para nós ajudaria, e muito, a economia e aqueles que, porventura, queiram se vacinar", afirmou.