O Estado de São Paulo, n.46389, 20/10/2020. Internacional, p.A11

 

Mundo ultrapassa 40 milhões de casos

20/10/2020

 

 

Estados Unidos, Índia e Brasil lideram lista de contaminações; países europeus adotam mais medidas restritivas para combater o vírus

BRUXELAS

O mundo ultrapassou ontem os 40 milhões de casos de coronavírus, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins. O número de mortes desde o início da pandemia chegou a 1,1 milhão. Mais da metade das contaminações foram registradas nos EUA (8,1 milhões), Índia (7,5 milhões) e Brasil (5,2 milhões).

Na Europa, onde já há mais de 250 mil mortes e a segunda onda de infecções não para de crescer, novas restrições entraram em vigor ontem, como o toque de recolher noturno na Bélgica e a obrigação de usar máscaras em ambientes fechados na Suíça.

Na Bélgica, cafés e restaurantes ficarão fechados pelas próximas quatro semanas para tentar conter o aumento das infecções. O país, de 11,5 milhões de habitantes, tem 192 mil casos e ultrapassou as 10 mil mortes. Hoje, os belgas têm a terceira maior taxa de mortalidade por covid-19 do mundo, com 897 óbitos para cada milhão de habitantes.

O governo belga também determinou um toque de recolher, que passou a vigorar ontem, e vai da meia-noite às 5 horas. Segundo autoridades de saúde, entre 9 e 15 de outubro, foram notificadas uma média de 7.876 novas infecções por dia, um aumento de 79% em relação à semana anterior.

"Somos a região mais afetada de toda a Europa. Estamos muito perto de um tsunami de casos", afirmou à TV RTL o ministro da Saúde da Bélgica, Frank Vandenbroucke. "O governo só tem uma mensagem ao público. Proteja-se, proteja seus entes queridos, para não ser contaminado."

Na Suíça, as infecções aumentaram 146% na semana passada e o uso de máscara será obrigatório a partir de agora em locais públicos fechados, como aeroportos e estações ferroviárias. Também estão proibidas reuniões com mais de 15 pessoas.

A Itália também impôs ontem restrições a bares e restaurantes, atividades esportivas e feiras livres, uma modalidade de comércio muito comum no país. Os italianos pareciam ter se livrado de uma segunda onda de infecções, mas desde o início do mês houve um aumento significativo de notificações. Em 1.º de outubro, foram registrados 2.548 novos casos. No domingo, foram 11.705. "Não podemos perder tempo", disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte.

A Irlanda também resolveu endurecer as restrições. Em decisão anunciada ontem, todo o país passará para o nível 5 de controle, o mais duro. Pelas regras, que valerão por seis semanas a partir de amanhã, não serão permitidas visitas nem a residências particulares.

Bares, cafés, restaurantes e pubs só podem oferecer comida para viagem ou entrega. Lojas de varejo essenciais poderão permanecer abertas, mas os demais serviços terão de fechar as portas. Os casos diários no país saíram de 442, em 1.º de outubro, para 1.284 no domingo, uma alta de 190%.

Na semana passada, França, Alemanha, Reino Unido e Espanha já haviam adotado medidas similares para limitar os deslocamentos e os contatos entre pessoas em razão de um aumento descontrolado dos casos.

Em todo o mundo, nos últimos 7 dias, 2,5 milhões de novos casos foram registrados, o maior número semanal desde o início da pandemia. O aumento das infecções pode ser explicado, em parte, pela elevação da testagem em alguns países. Uma fatia importante dos casos menos graves ou assintomáticos, porém, continua provavelmente não detectada.

Ontem, aplicativos de rastreamento de casos de Alemanha, Irlanda e Itália foram conectados, como parte de plano para criar um rede que pode integrar 20 países europeus. O novo sistema desenvolvido pela Comissão Europeia permite que os aplicativos funcionem além das fronteiras de cada país e os usuários instalem apenas um deles em vez de vários. "A liberdade de circulação faz parte do mercado único. Este sistema torna as coisas mais fáceis", disse o comissário europeu, Thierry Breton. / AP, EFE e AFP

Alerta 

"Somos a região mais afetada de toda a Europa. Estamos muito perto de um tsunami de casos"

Frank Vandenbroucke

MINISTRO DA SAÚDE DA BÉLGICA