O Estado de São Paulo, n.46389, 20/10/2020. Metrópole, p.A13

 

Bolsonaro para Doria: vacina 'não é obrigatória'

Emilly Behnke

20/10/2020

 

 

Sem citar nomes, presidente reage a tucano e diz que ele está 'levando terror' às pessoas

O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer ontem que uma possível vacina contra a covid-19 não será obrigatória. Sem citar diretamente o governador João Doria (PSDB), que anunciou essa obrigatoriedade no Estado de São Paulo, Bolsonaro acrescentou que "tem governador que está se intitulando o médico do Brasil".

O chefe do Executivo mencionou que o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já disse que a imunização não será compulsória, embora oferecida gratuitamente pelo governo. "A lei é bem clara e quem define isso é o Ministério da Saúde. O ministro já disse que não será obrigatória essa vacina e ponto final", bradou ontem para apoiadores na saída do Alvorada.

O presidente já havia sinalizado que o governo não iria obrigar a população a se vacinar na sexta-feira, pelas redes sociais, mesmo dia em que o governador paulista falou em obrigatoriedade. E foi adiante: "Outra coisa, tem um governador que está se intitulando o médico do Brasil dizendo que ela (vacina) será obrigatória, e não será".

O chefe do Executivo opinou ainda que uma vacina estrangeira precisa primeiro ser aprovada pela Anvisa, para depois ser oferecida à população. Acrescentou também que ela deve primeiro ser aplicada em massa no seu país e depois ser oferecida aos outros.

'Sem fake news'. O presidente aproveitou, em evento ao lado do ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, para divulgar um estudo clínico do vermífugo nitazoxanida em pacientes na fase precoce da covid-19, para abordar a questão da obrigatoriedade. "Eu queria falar sobre uma notícia que está circulando,

não é fake news, ela é verdadeira, levando-se em conta o autor. Mas na prática, ela é falsa. Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde o programa nacional de imunização, ali incluindo as possíveis obrigatórias."

Ele prosseguiu afirmando que "cabe ao Ministério da Saúde definir a questão e já foi definida, não será obrigatória". "Então, quem está propagando isso aí é uma pessoa que pode estar pensando em tudo, menos na saúde ou na vida do próximo", comentou.

Bolsonaro lembrou, também, que "qualquer vacina precisará ter comprovação científica" e muitas pessoas não vão querer ser imunizadas. "Sabemos que muita gente contraiu, mas nem sabe que contraiu e está imunizado. Vamos obrigar essa pessoa a tomar a vacina?" Em seguida, comparou preços. "Por parte dessa fonte (o governador tucano), essa vacina (a chinesa) custa mais de US$ 10. Do nosso lado (a de Oxford) custa menos, US$ 4. Não quero acusar ninguém de nada aqui, mas essa pessoa está se arvorando e levando o terror perante a opinião pública."