Correio braziliense, n. 21068, 29/01/2021. Política, p. 3

 

Presidente dá alfinetada em Mourão

Ingrid Soares 

Renato Souza 

29/01/2021

 

 

O presidente Jair Bolsonaro disparou contra o vice Hamilton Mourão pelos comentários sobre reforma ministerial. O general antecipou, nesta semana, que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, está perto de ser exonerado. “Quem troca ministro e o presidente da República. 0 vice falou que eu estou para trocar o chefe do Itamaraty. Quero deixar bem claro uma coisa: tenho 22 ministros efetivos e um que é interino (Pedro Marques de Sousa, da Secretaria-Geral da Presidência). Ai que nós podemos ter um nome diferente ou efetivação do atual.

Nada mais além disso”, enfatizou. “Toda semana recebo da mídia informações de que vão ser trocados ministros, tentando sempre semear a discórdia no nosso governo. Julgamento que gente do próprio governo, agora, passe a dar palpites no tocante à troca de ministros. ” Bolsonaro ressaltou que o go verno vai bem, apesar da pandemia, e pediu tranquilidade e um voto de confiança da população.

Por fim, em indireta a Mourão, reforçou que “quem quiser escolher ministros, que se candidate em 2022". “O que nós menos precisamos e de palpiteiros na formação do meu ministério. E deixo bem claro: todos os meus 23 ministros eu que escolhe e mais ninguém, e ponto Final. Se alguém quiser escolher, que se candidate em 2022 e boa sorte em 2023", concluiu.

Demissão

Também ontem, Mourão demitiu o assessor que procurou lideranças da Câmara para discutir o impeachment do Bolsonaro. Mais cedo, porém, em nota, ele havia negado que alguém da sua equipe tivesse feito a investida. No texto, o general também se disse fiel ao presidente.

As declarações ocorreram após o site O Antagonista publicar que um dos funcionários do gabinete de Mourão enviou mensagens para deputados com a finalidade de agendar conversas sobreo impeachment. o motivo, de acordo com a publicação, seriam as sucessivas falhas de Bolsonaro na condução da pandemia.

“Na profissão que exerci por I16 anos, a lealdade e uma virtude que não se negocia”, enfatizou Mourão. No texto, ele destacou, ainda, que os dias atuais exigem empenho conjunto para combater o avanço da doença no país.

 Desde o fim do ano passado, de acordo com interlocutores do governo, o vice-presidente tem se afastado de Bolsonaro.

Apesar de estar à frente de ações de combate ao desmatamento na Amazônia, ele está, cada vez mais, escanteado das decisões do Executivo.