Correio braziliense, n. 21069, 30/01/2021. Brasil, p. 7

 

Ministro quer remover 1,5 mil pacientes

30/01/2021

 

 

Com o colapso dos sistema de saúde do Amazonas, o ministro Eduardo Pazuello disse, ontem, que transferir 1,5 mil pacientes do estado é a única solução para evitar mais mortes. A afirmação foi feita durante cerimônia, em Manaus, para receber profissionais do Programa Mais Médicos. Ele está na capital amazonense desde o último sábado (23), data em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de investigação para apurar possível omissão do ministro na crise sanitária local.

Segundo Pazuello, não há unidades de terapia intensiva (UTI) suficientes para atender a demanda local. "Se nós não removermos 1,5 mil pessoas do atendimento especializado, vai continuar morrendo de 80 a 100 pessoas por dia. Não há UTIs e não se cria UTI do dia para a noite. E quem já está na fila, não é removido. Estamos recomendando quem está leve e médio para não chegar à fila de UTI", afirmou.

Segundo o ministro, foram removidas 320 pessoas de Manaus, mas, sem tirar da cidade mais 1,5 mil pessoas, não será possível estabilizar o impacto na atenção especializada. "A remoção é a única solução para diminuir o impacto da fila sobre atenção especializada", afirmou.

Pazuello disse que o sistema de saúde do estado tem um atendimento básico que apresenta problemas há tempos. Em paralelo a isso, a rede hospitalar funciona acima de 75% de ocupação. "Estamos trabalhando para estabilizar o oxigênio, que está estável; novos leitos, equipamentos, recursos humanos, e com isso o aumento da capacidade do atendimento especializado. Mas isso não vai resolver. O que vai, nesse momento, a etapa do atendimento especializado, é a remoção", afirmou.

O sistema de amazonense colapsou em 14 de fevereiro, com falta de cilindros de oxigênio nos hospitais e pacientes morrendo por asfixia. Naquela semana, Pazuello esteve em Manaus, de 9 ao dia 12, ciente da iminente falta do insumo desde o dia 8, quando foi avisado pela empresa White Martins, uma das maiores fornecedoras do estado.

Infecção rápida
Durante o pronunciamento, Pazuello ainda falou sobre o aparecimento de uma nova linhagem de coronavírus que, segundo ele, gera um "contágio até três vezes mais rápido". O ministro fez referência à P.1, nova cepa originária de Manaus, como sugerem as análises da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

"Para piorar, Manaus foi premiada com a nova linhagem, identificada no final de ano", disse o general. Ele afirmou que não é possível prever as mudanças e se a variante será mais agressiva. "Temos que estar preparados para a pior hipótese", frisou. Até o momento, pesquisadores confirmam que esta mutação é mais transmissível, mas ainda não sabem qual o nível de agressividade. (BL, MEC e ST)