Correio braziliense, n. 21070, 31/01/2021. Política, p. 6

 

Sem novos ministérios

Ingrid Soares 

31/01/2021

 

 

O presidente Jair Bolsonaro recuou na recriação dos ministérios da Pesca, do Esporte e da Cultura. Depois de mais um passeio por Brasília e da visita a uma loja no SIA para realizar a revisão da motocicleta, negou que pretenda recriar pastas na Esplanada para acomodar aliados do Centrão, em retribuição à possível vitória, amanhã, de Arthur Lira (PP-AL) na eleição para a Presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), na do Senado. Na última sexta, ele mesmo falou da possibilidade caso seus candidatos no Congresso fossem eleitos.

Bolsonaro disse, ainda, que não existe reforma ministerial e negou mudanças maiores. Segundo ele, só existe uma vaga aberta, que é a Secretaria-Geral, onde Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa assumiu como interino, após a ida de Jorge Oliveira para o Tribunal de Contas da União (TCU).

"Não existe nada. Só tem uma vaga aberta, que é a Secretaria-Geral. Então, o que pode acontecer é alguém de um ministério ir para a vaga do Pedro, abrir uma vaga para o lado de lá, ou o Pedro ser efetivado. Não tem nada mais além disso. Quem está jogando que vai ter reforma está dando palpite, mais nada. Se vocês olharem, toda semana a imprensa troca um ministro meu", ironizou.

Ele também ressaltou que Onyx Lorenzoni (foi exonerado temporariamente, assim como Tereza Cristina, da Agricultura, para somarem votos na eleição da Câmara) poderá retornar ao Planalto, abrindo vaga no Ministério da Cidadania. O presidente o caracterizou como um "curinga" e que "está pronto para assumir qualquer ministério". "O Onyx volta (ao Planalto). Eu conheço ele há muito tempo, me ajudou muito, acredito no trabalho dele. Eu chamo o Onyx de curinga: ele está pronto para ir para qualquer ministério", observou.

Má interpretação
O presidente insinuou que foi mal interpretado sobre a recriação de ministérios e disse que apenas elogiou os secretários Jorge Seif (Pesca), Mario Frias (Cultura) e Marcelo Magalhães (Esportes). Para ele, pelo trabalho que desempenham, mereceriam o status de ministério. "Não tem recriação de ministério. Eu elogiei os três, que fazem um brilhante trabalho. Então, o elogio, dado o trabalho que fazem, eles mereciam ser ministros. Não é criar ministérios, como deram a entender para negociar com quem quer que seja", justificou.

Sobre recriar pastas, disse que "não é fácil": "Não está previsto, não é fácil. É burocracia, um pouco mais de despesa. Não está previsto", assegurou, apesar de salientar que esportistas têm pedido a ele o retorno do Ministério dos Esportes.

Ainda sobre a eleição de amanhã, Bolsonaro se disse confiante na vitória de Arthur Lira na Câmara, o que possibilitaria resgatar pautas do governo que ficaram "represadas". Mas, segundo o presidente, as pautas prioritárias serão as reformas Administrativa e Tributária, além de privatizações como as da Eletrobras e dos Correios.