Correio braziliense, n. 21070, 31/01/2021. Brasil, p. 7

 

Vacinas do Covax Facility a caminho

Sarah Teófilo 

31/01/2021

 

 

O Ministério da Saúde anunciou, ontem, que o consórcio Covax Facility enviará ao Brasil, a partir de meados de fevereiro, entre 10 milhões a 14 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. A pasta recebeu uma carta do organismo internacional informando a liberação do lote do imunizante que, no país, é reproduzido por meio da parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O Covax Facility é um consórcio internacional, conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e coordenado pela Aliança Gavi, com o objetivo de fomentar a produção de imunizantes contra a covid-19 e garantir o acesso igualitário ao fármaco, independentemente do nível de desenvolvimento das nações que a ele aderiram –– é formado por 191 países, entre eles o Brasil.

"O governo federal reitera sua grande satisfação com os resultados exitosos da estratégia de acesso do Brasil às vacinas contra a covid-19 desenhada ao longo de 2020", diz o comunicado do ministério, que incluirá o fármaco no Plano Nacional de Imunização (PNI).

A Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) está acompanhando as ações da aliança e participa de todas as reuniões. No caso dessas doses anunciadas, será preciso analisar a situação para afastar a hipótese de ser feito um novo pedido de uso emergencial. Isso porque, se os imunizantes não forem oriundos do Instituto Serum, que fabrica o medicamento na Índia, uma nova análise pela autarquia terá de ser realizada.

No último dia 17, a agência aprovou um lote de 2 milhões de doses da vacina de Oxford produzidas pelo laboratório indiano. Assim, a autorização para o uso das outras unidades oriundas do mesmo fabricante seria automática. Processo semelhante ocorreu com a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. A última autorização, no dia 22 de janeiro, para 4,8 milhões de doses, servirá para outras unidades, desde que produzidas nas mesmas condições.

Análise do IFA
O processo de pedido de uso emergencial para as vacinas que vêm pelo Covax Facility também será necessário caso as doses sejam produzidas com Insumo Farmacêutico Ativo (IFA, a matéria-prima para a produção) de origem daquele registrado pela Anvisa. O mesmo caminho precisará ser seguido, caso o consórcio apenas remeta o princípio ativo para que o fármaco seja produzido pela Fiocruz.

Em outubro do ano passado, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que a participação do Brasil no Covax prevê 42 milhões de doses, quantidade suficiente para imunzar 10% da população –– considerando duas doses por pessoa. A informação foi repassada a parlamentares em audiência na Câmara dos Deputados.

No Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19, o ministério prevê 42,5 milhões de doses pelo Covax, mas sem cronograma para chegada ou distribuição. No documento, a pasta salientou que os laboratórios ainda estão negociando com o Covax o calendário de entrega.

Até então, não estava claro qual vacina o consórcio enviaria. Nas apresentações, o ministério colocava que provavelmente seria a da AstraZeneca. Para integrar o Covax, o governo federal editou uma medida provisória (MP) que abriu crédito extraordinário, no valor de R$ 2,5 bilhões, para a aquisição das 42 milhões de doses. O acordo com a Aliança Gavi foi assinado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em setembro do ano passado.

No fim do ano, o Covax informou que tinha acordos para disponibilizar aos países participantes quase dois bilhões de doses de vacinas de vários fabricantes contra covid-19. Só com o Instituto Serum, o contrato era de 200 milhões de doses do imunizante de Oxford, com opção de até 900 milhões de doses adicionais. O consórcio tem acordos com diversas empresas, como a Johnson & Johnson.

223.945
é o número de mortes confirmadas pelo Ministério da Saúde. Nas últimas 24 horas, foram 1.279 novos óbitos. Os casos são 9.176.975, sendo 58.462 de sexta-feira para ontem