O globo, n. 31935, 12/01/2021. Sociedade, p. 9

 

Governo quer priorizar primeira dose para reduzir contaminação

12/01/2021

 

 

Em Manaus, Pazuello diz que vacinação pode começar no dia 20, logo depois da aprovação dos imunizantes pela Anvisa

 MANAUS E SÃO PAULO

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que o governo quer priorizar a primeira dose da vacina contra a Covid-19 para “reduzir a pandemia” com imunização em massa da população. Após essa fase seria iniciada a segunda aplicação no país.

Na apresentação, em Manaus, de um plano para o combate à pandemia no Amazonas, que enfrenta uma forte segunda onda da doença, Pazuello afirmou ainda que, com aprovação do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacinação pode começar no dia 20 de janeiro. As doses chegariam aos estados “no terceiro ou quarto dia” depois do aval da agência.

Ao referir-se à possibilidade de retardar a segunda dose, o ministro ressaltou que falava da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford, que no Brasil tem a parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Pazuello disse que a primeira dose da vacina tem eficácia de 71%. Com as duas aplicações, iria “para cerca de 90%”:

— É uma estratégia que a Secretaria de Vigilância em Saúde vai fazer para reduzir a pandemia. Talvez o foco não seja na imunidade completa, mas na redução da contaminação, e aí a pandemia diminui muito.

A Fiocruz afirmou ao site G1 que “a AstraZeneca recomenda um regime de vacinação com duas doses, considerando um intervalo de 4 e 12 semanas após a primeira dose. No entanto, o regime de doses a ser adotado no país é uma definição do (...) Ministério da Saúde”. O ministro não mencionou qual seria o intervalo entre a primeira e a segunda doses.

Segundo especialistas britânicos, 70% das pessoas vacinadas com a primeira dose da vacina de Oxford ficam protegidas 21 dias depois. Quando a segunda dose é aplicada, 12 semanas após a primeira, esse número sobe para 80%.

O ministro voltou a dizer que a vacinação vai começar em todo o país no mesmo dia e horário. O governo de São Paulo, porém, reafirmou que o início da vacinação no estado será em 25 de janeiro.

— Vai começar no dia D e na hora H em todos os estados brasileiros — disse Pazuello, acrescentando que o Brasil tem o maior programa de vacinação do mundo. 

No primeiro dia que chegar a vacina, ou que a autorização for feita, a partir do terceiro ou do quarto dia já estará nos estados e municípios para iniciar a imunização.

A análise de uso emergencial da Anvisa corresponde a 6 milhões de doses de CoronaVac importadas da China e outras 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca que virão da Índia.

DORIA COBRA PLANO

O governo de São Paulo apresentou ontem seu plano de logística para a vacinação contra a Covid-19 e reafirmou que planeja começar a imunizar a população no dia 25 de janeiro. A previsão é distribuir 2 milhões de doses por semana, em 70 caminhões refrigerados e com escolta da Tropa de Choque. Ao todo, 52 mil profissionais de saúde vão atuar no plano de vacinação.

O governador João Doria (PSDB) também cobrou do Ministério da Saúde a apresentação de mais detalhes sobre o Plano Nacional de Imunização (PNI). Segundo ele, ainda não foi explicada a proporcionalidade da vacinação em território nacional (quantas doses irão para cada estado).

— Se levar em conta a população, densidade demográfica, está correto. Se levar em conta também o grau de incidência do número de infectados e mortes, correto também. Se levar em conta outros aspectos e não a essencialidade desses, incorreto — afirmou Doria.

— Por isso São Paulo mantém (a data de início de) seu programa de imunização. Qual a data prevista para o Programa Nacional de Imunização? Ninguém é capaz de dizer, porque não há.