Título: Em 2009, PIB chinês pode crescer 8,5%
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2008, Economia, p. E4

As expectativas positivas dos empresários brasileiros em relação à China repousam sobre um tripé: consumo doméstico, exportações líquidas (exportações menos importações) e investimentos. Para manter a tríade positiva, o governo chinês tem lançado mão de vários instrumentos de políticas monetária e fiscal. Mas os resultados costumam levar algum tempo para aparecerem nos indicadores.

As exportações líquidas estão em queda. Segundo dados do Escritório Nacional de Estatística da China, o indicador caiu pela metade de janeiro a setembro, no comparativo com o mesmo período de 2007, quando alcançou 2,4% no crescimento do PIB.

A queda da importância das exportações líquidas na economia é significativa. Se fossem deduzidas do PIB de 2007 (11,9%), o resultado seria 10,7%. Em 2008, o indicador deve ser ainda menor, por conta da crise, entre 9,6% e 9,8%.

Para 2009, a previsão varia de 8% a 8,5%. "Concordo com este patamar, mas ainda é um pouco cedo. É preciso tempo para ver como se dará este crescimento e o estímulo aos dois principais motores da economia: consumo doméstico e investimentos", diz Rodrigo Tavares Maciel, secretário executivo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e autor do artigo que o Jornal do Brasil publica hoje sobre a China.

O consumo foi o maior contribuinte para o crescimento nominal do PIB, com 66,7% do total, seguido pelos investimentos domésticos em ativos fixos, com 40,6%. As exportações líquidas foram dos fatores responsáveis pela desaceleração da economia chinesa: contribuição negativa de 7,3% ao crescimento nominal do PIB do período.

Uma medida oficial que deve refletir positivamente no consumo interno é a efetivação de um plano nacional de previdência.

¿ Como ainda não dispõe deste instrumento, o chinês costuma poupar mais do que precisaria se houvesse um organismo oficial para cuidar disto ¿ diz Maciel.

Outra crença de boa parte dos analistas é que o governo invista ainda mais em infra-estrutura. Na quinta-feira, dia 6, a China anunciou que gastará US$ 146,5 bilhões para reconstruir a cidade de Sichuan, arrasada pelo terremoto, em maio. O valor é mais que o triplo da conta das Olimpíadas de Pequim, orçadas em US$ 40 bilhões.

No final de outubro, o estímulo foi para as exportações, com incentivos fiscais para 3486 produtos (25,8% da cesta chinesa de exportação). Entre os setores, os mais importantes para o Brasil são têxtil e brinquedos. Todas as empresas beneficiadas são ligadas a áreas estratégicas porque empregam muito.

A cada ano, a China precisa criar 10 milhões de empregos. Nesse sentido, ainda houve ação recente voltada à construção civil e as moradias populares, setor com déficit histórico e expressiva geração de empregos.