Título: Até fevereiro, commodities são verdadeira incógnita
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2008, Economia, p. E4

As exportações do Brasil para China são sustentadas pelas commodities, tendo como destaque a soja, o minério de ferro e o petróleo. Os três somaram pouco mais de US$ 9,6 bilhões até setembro, num total de US$ 13.712 bilhões vindos das exportações para a China. Na queda contínua dos preços destas mercadorias, como ficam as perspectivas para o comércio sino-brasileiro em 2009?

¿ Só será possível saber em fevereiro, quando chegam ao mercado as primeiras colheitas da safra 2008/2009. O resto é especulação ¿ diz Gilman Viana, presidente da Comissão de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Pairam dúvidas sobre as previsões que anunciam os preços das commodities agrícolas despencando em 40% a partir de janeiro.

¿ Acho difícil, embora seja uma ameaça. O horizonte está muito desconhecido. Não tem nenhum ponto do mercado, em lugar nenhum do mundo, que confira segurança a estes indicadores. Este valor é blefe ¿ diz Viana, que vê como inevitável a queda no consumo da soja. O Brasil exporta 20 milhões de toneladas e fatura perto de US$ 4,5 bilhões/ano.

¿ Em tempos de crise, corta-se o supérfluo e administra-se a compra do básico. Mesmo sendo alimento básico, nesta soja pode haver um supérfluo, como fabricação de ração animal ¿ diz.

Para o executivo da CNA e secretário de Agricultura de Minas Gerais, o agricultor pode fazer uma mistura, reduzindo a cota de soja adquirida.

¿ Só não dá para saber agora o tamanho da redução.

No minério, os efeitos são claros. A Vale, que exporta 20% do que produz para a China, anunciou a redução da produção, mesmo apostando que a queda na demanda chinesa será breve.