Título: Brasil exige maior rigor e transparência
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2008, Tema do Dia, p. A2

Mesmo considerando que as recentes medidas tomadas pelos países já tenham começado a surtir efeitos positivos, a proposta frisa que ainda resta a tarefa de normalizar os canais de crédito e os fluxos financeiros.

¿ Sem tais medidas, as perspectivas para a economia real e para as condições de crescimento de curto prazo seriam severamente prejudicadas. A crise não pode esperar. Vamos trocar o pneu com o carro em movimento ¿ disse Mantega, que considerou os 100 dias propostos pelo presidente da França um prazo possível para a implementação das reformas, levando-se em conta o novo governo dos EUA.

O documento coloca ainda, dentro das ações de curto prazo, a necessidade da adoção de políticas anticíclicas de modo a estimular a demanda agregada e evitar a excessiva contração da atividade econômica.

¿ Não se pode correr o risco de uma recessão prolongada nem de uma depressão econômica global ¿ diz o texto, que recomenda que os governos devem agir, não por ideologia, mas por pragmatismo.

Governança

O Brasil propõe a reforma das instituições financeiras internacionais no sentido de aperfeiçoar a cooperação entre países no tema das finanças internacionais.

¿ O FSF, FMI e o Banco Mundial também podem colaborar na coordenação de políticas contra a crise, desde que passem a ter mais representação e participação maior dos emergentes ¿ frisou Mantega.

No documento, o Brasil defende a retomada imediata do processo de reforma do Banco Mundial em bases mais ambiciosas, a qual deve resultar no aumento significativo do poder de voto das economias emergentes e em desenvolvimento.

Mantega admitiu ter chegado ao encontro com dúvidas sobre a coordenação do G-20 frente aos desafios da crise.

Na questão dos mercados, a proposta brasileira lembra os efeitos e a velocidade de contágio e afirma que é necessário rever os marcos de regulação e avaliação de riscos nacionais e desenvolver marcos normativos e regulatórios multilarais, que seriam adotados pelo conjunto das nações e ainda nas transações internacionais, para disciplinar a atuação dos agentes financeiros.

Entre outras ações, o Brasil sugere que os mercados financeiros tenham acompanhamento do risco sistêmico por parte dos governos e agências multilaterais e a criação de um mecanismo de alerta de risco. A proposta também enfatiza a necessidade da eliminação do shadow banking system, ou seja, um segmento do mercado financeiro que ainda não é regulado e a padronização e registro dos diferentes produtos financeiros.

A transparência nas regras de balanço contábil das instituições financeiras (bancos comerciais, bancos de investimentos, hedge funs e outros) foi cobrada, assim como a responsabilização dos executivos de instituições que cometerem fraudes em balanços ou que assumam riscos excessivos e desproporcionais.

O Brasil recolocou os seis princípios orientadores enumerados no discurso do presidente Lula, na abertura do G-20: representatividade e legitimidade, ação coletiva, boa governança dos mercados domésticos, responsabilidade, transparência e prevenção. Ainda acrescentou a efetividade à lista.