Título: França e EUA querem ouvir os emergentes
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2008, Tema do Dia, p. A2

Ministra francesa diz que "todos têm de participar".

SÃO PAULO

A França e os Estados Unidos manifestaram apoio a idéia de uma maior participação dos países emergentes na reforma do sistema financeiro internacional. Durante reunião do G-20, encontro ocorrido ontem em São Paulo e que contou com autoridades financeiras das 20 maiores economias do mundo, a ministra francesa da Economia, Indústria e Emprego, Christine Lagarde afirmou que, na solução da crise, não há um papel preponderante dos países mais industrializados.

¿ Como todos os países estão envolvidos, todos têm de participar da solução. É simples assim ¿ frisou a ministra.

Christine salientou ainda que é necessária uma reforma da arquitetura financeira internacional, para que todos os mercados, produtos e atores sejam cobertos por regulação apropriada.

¿ Não podemos ter zonas de sombra de produtos não supervisionados ¿ disse, acrescentando que a reorganização das finanças globais deverá ser transparente, com mecanismos de alerta prevenindo crises e com um papel preponderante do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre outros atores.

Para discutir essa reforma, segundo a ministra, a conclusão é

que o formato do G-20 é o mais adequado.

O melhor grupo

O subsecretário para assuntos internacionais do Tesouro Americano, David McCormick, também considerou o G-20, por sua composição envolvendo países industrializados e emergentes, o melhor grupo para tratar da crise neste momento. Sobre a responsabilidade dos EUA na turbulência financeira, ele reconheceu que "eventos ocorridos dentro dos EUA" tiveram efeitos em outros países.

O subsecretário afirmou também que os EUA estão auxiliando os países mais pobres que foram afetados, tanto por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto pelo Banco Mundial, órgãos dos quais o país está entre os principais financiadores.

¿ E estamos tentando trabalhar acordos bilaterais, sempre que possível ¿ disse.

Entretanto, Mc Cormick salientou que os EUA estão liderando as reformas nos órgãos reguladores, "não somente por pressões externas, mas também porque nossa população está pedindo", disse. Ele ainda descartou a criação de novos órgãos reguladores.

¿ Não ouvi ninguém falando de novas instituições, mas sim de reformas nas instituições existentes, com mais participação dos emergentes ¿ concluiu o subsecretário.