O Estado de São Paulo, n.46396, 27/10/2020. Metrópole, p.A13

 

Homicídios em SP têm alta de 17,8%

Felipe Resk

27/10/2020

 

 

Crime teve alta pelo terceiro mês seguido; os registros de latrocínios (o roubo seguido de morte), estupros e crimes patrimoniais caíram

Com alta de 17,8% em setembro, o número de homicídios dolosos, quando há intenção de matar, subiu pelo terceiro mês consecutivo no Estado de São Paulo, segundo as estatísticas oficiais divulgadas ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Já os registros de latrocínios (o roubo seguido de morte), estupros e crimes patrimoniais tiveram queda.

Em nove meses, esta é a sexta vez que o indicador de homicídios piora no Estado, o que contraria o histórico das últimas décadas, quando São Paulo vinha acumulando quedas nas taxas de assassinatos. Conforme a SSP, foram 238 ocorrências no mês passado, ante 202 no mesmo período de 2019.

Já considerando o acumulado do ano, o aumento de assassinatos é de 7,1% até agora. Desde janeiro, 2.128 casos foram registrados pela polícia. No ano passado, haviam sido 1.986. Segundo a pasta, a taxa atual é de 6,82 homicídios por 100 mil habitantes, ainda a menor do País.

Segundo o secretário executivo da Polícia Militar, o coronel Alvaro Batista Camilo, a maioria dos assassinatos em está ligada ao tráfico, ao uso de álcool e também às armas de fogo. "O homicídio acontece longe da ação policial, normalmente em áreas mais periféricas ou em comunidades, que a polícia não consegue atuar diretamente. Então ela trabalha indiretamente com a droga, o álcool e as armas, fazendo as operações."

Para ele, a alta deste ano pode estar relacionada a conflitos intensificados pelo isolamento social por causa do coronavírus. "Tivemos aumento de casos interpessoais, ou seja praticados por pessoas que se conheciam. Esse é um indicador que liga claramente à pandemia", afirma. "Também houve muitas execuções, decorrentes do tráfico."

Em meio à escalada das mortes, comandantes receberam orientação para estudar caso a caso e desenvolver estratégias específicas em cada região, segundo Camilo. "Temos variações desde o início do ano, ora com aumentos no interior, ora na capital", diz. Na capital, após alta em agosto, o índice ficou estável com 52 assassinatos em setembro, igual a 2019.

O Estado registrou, ainda, 15 latrocínios em setembro – seis a menos do que em 2019. Já as notificações de estupros recuaram 13,6%, de 1.201 para 1.308 no Estado. Na contramão dos homicídios, crimes patrimoniais continuaram decaindo. Para furtos, a queda foi de 25,4%. Foram 40.969 ocorrências, ante 20.571 em setembro de 2019.

Também houve recuo de 25,5% nos roubos, com 15.225 boletins registrados no mês, ante 20.433 no período anterior. Por sua vez, 2.249 veículos foram roubados em setembro – queda de 31,7% ante 2019. "Os crimes contra o patrimônio eram uma preocupação muito forte", diz Camilo.

Letalidade policial. O número de mortos em supostos confrontos com a polícia caiu no último trimestre. No acumulado do ano, porém, o resultado é pior do que em 2019. Foram 162 casos de letalidade de julho a setembro, a maioria envolvendo a PM. "Os casos estão diminuindo, mas ainda é muito cedo para falar de tendência de queda. Sei que o Comando da PM está fazendo trabalho muito forte para usar o máximo os armamentos não letais e o uso progressivo da força", diz Camilo.

Letalidade policial

"Os casos estão diminuindo, mas ainda é muito cedo para falar de tendência de queda."

Álvaro Batista Camilo

SECRETÁRIO EXECUTIVO DA POLÍCIA MILITAR