Título: Laicos serão maioria no Parlamento
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2005, Internacional, p. A8
Xiitas são favoritos mas não devem conseguir mais de 40% das cadeiras na Assembléia Nacional
BAGDÁ - A lista islâmica xiita apoiada pelo aiatolá Ali Sistani, a liderança religiosa mais forte do Iraque, é a favorita nas eleições de domingo no país, mas a Assembléia Nacional deve ser dominada por laicos.
- A lista 169 deve obter entre 35% e 40% dos votos, ou seja entre 95 e 108 cadeiras - afirma Saad Abdel Razak, sociólogo e membro do Conselho Nacional Provisório (Parlamento).
A 169 é, na verdade, a Lista Unificada Iraquiana e conta com os dois principais partidos xiitas, o Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque (CSRII) e a Dawa.
A chapa foi formada em torno da liderança de Al Sistani, que aparece em todos os cartazes das organizações.
- Eles vão vencer. Porém, os partidos e os candidatos laicos ou nacionalistas representarão mais de 50% dos cargos - diz Razak, partidário do Grupo dos Democratas Independentes, do candidato Anan Pachachi.
Segundo o sociólogo, a lista ''Aliança Curda'' que reúne o Partido Democrático do Curdistão e a União Patriótica do Curdistão, deve obter 20% dos votos e 50 vagas, a do primeiro-ministro Iyad Alawi mais ou menos 14% e 40 vagas, a do presidente Ghazi Al-Yauar: 10 vagas, enquanto os comunistas obteriam 19.
A análise é compartilhada por um especialista árabe que trabalhou na instalação do sistema eleitoral iraquiano.
- Se os xiitas obtiverem 40% dos votos, os laicos nacionalistas serão maioria no Parlamento e os atuais presidente e primeiro-ministro poderão ser confirmados nos cargos.
Diante da força xiita, os partidos laicos pensaram na possibilidade de uma aliança antes das eleições, em torno de uma lista comum de candidatos, mas resolveram permanecer separados para conseguir o maior número de votos e depois formar a união, no Parlamento.
Para um diplomata ocidental, ''os curdos, cuja lista será a segunda mais forte, desempenharão um papel chave na mediação política entre os xiitas e os laicos''.
As eleições são proporcionais por listas. Ou seja, os 14 milhões de eleitores devem eleger apenas uma das 11 listas e não podem modificar a ordem dos candidatos que foi apresentada.
Sobre o temor da subrepresentação sunita, em decorrência dos pedidos de boicote e das ameaças da guerrilha, o Centro Iraquiano para Pesquisas e os Estudos Estratégicos afirma que o índice de participação será de 0% em Ramadi (Oeste), 14% na província de Salaheddin (Norte), 12% na região de Mossul (Norte) e 44% em na capital Bagdá.
Apenas 250 mil eleitores iraquianos no exterior se cadastraram para votar. Era esperado o número de 1 milhão de votos de expatriados.