Título: Vasp em rota de liquidação
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2005, Economia, p. A17

Após auditoria, DAC suspende concessão das oito linhas que a companhia ainda operava. Volta dos serviços depende de condições técnicas A Vasp perdeu ontem o direito a operar os oito vôos regulares diários que mantinha no país. A partir de hoje, por decisão do Departamento de Aviação Civil (DAC) ¿ autorizada pelo Ministério da Defesa ¿ as aeronaves da companhia não decolam até nova autorização. O estopim para a medida foi o cancelamento de vôos com ocupação inferior a 50%. A empresa foi notificada ontem mesmo e ainda estuda a decisão. De acordo com auditoria realizada desde terça-feira pelo DAC nos sistemas financeiro e operacional da companhia, a Vasp concluiu apenas oito dos 56 vôos previstos entre os dias 20 e 26 de janeiro. Outras 13 linhas finalizaram as operações em uma das escalas, sem chegar ao destino final. Atualmente, a empresa possui 25 aeronaves em operação, já que outras seis foram retiradas de circulação por problemas de manutenção.

De acordo com o diretor-geral do DAC, brigadeiro Jorge Godinho, a decisão não significa o fim da concessão da Vasp como empresa regular.

¿ A partir de agora, caso a empresa queira voltar a operar rotas regulares, terá que pedir autorização ao DAC, que fará uma nova auditoria para determinar se existem condições de operação ¿ explicou Godinho.

De acordo com a legislação, a Vasp pode ficar até 180 dias sem operar vôos e sem correr o risco de perder a concessão para transporte aéreo. Godinho, no entanto, lembra que a concessão em vigor expira em abril, quando o DAC fará nova inspeção para renovar ou não a permissão para vôos regulares.

¿ Uma das variáveis que levaremos em conta é a capacidade da empresa de quitar dívidas ¿ alertou.

Anteontem, o presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim, revelou que a Vasp paga R$ 4 milhões mensais, referentes ao parcelamento de um débito de R$ 160 milhões.

O diretor-geral do DAC explicou ainda que não haverá necessidade da adoção de um plano de contingência, já que todas as cidades que recebiam aeronaves da Vasp são servidas por vôos de outras companhias.

Até o cancelamento das rotas, a Vasp operava as linhas Galeão-Fortaleza (com escalas em Salvador e Natal); Fortaleza-Manaus (escalas em Teresina, São Luís e Belém); Brasília-Recife (escalas em Salvador e Aracaju) e Guarulhos-Fortaleza (escalas em Salvador, Maceió e Recife), somando quatro vôos de ida e quatro de volta. Ontem, até o início da noite, apenas a linha com decolagem em São Paulo operou normalmente.

Segundo Godinho, a Vasp pode ainda optar por vôos charter ¿ possibilidade levantada pelo ministro da Defesa, José Alencar, como uma das saídas para evitar a falência da companhia ¿, desde que devidamente autorizada pelo DAC .

Os passageiros que já compraram passagens pela companhia têm quatro alternativas: buscar o reembolso nos balcões da Vasp, tentar endosso em outra companhia, reclamar junto ao DAC ou buscar a via judicial.