Correio Braziliense, n. 21071, 01/02/2021. Cidades, p. 14

 

Enem digital tem abstenção recorde

Sarah Teófilo 

01/02/2021

 

 

Aplicado pela primeira vez no país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital teve uma abstenção maior que a registrada no Enem impresso, com 68,1% candidatos ausentes. No primeiro dia do Enem regular, no dia 17 de janeiro, 51,5% dos inscritos não compareceram para fazer a prova. Além do alto número de candidatos ausentes, a prova teve problemas com atrasos e alunos que não conseguiram fazer o exame por problemas no sistema.

No Distrito Federal, os candidatos que fariam o exame na Universidade Católica do Distrito Federal, campus Taguatinga, foram dispensados por problema no sistema. A estudante Maria Eduarda, de 17 anos, contou ao Correio que, depois de mais de uma hora e meia do horário de início da prova, o sistema chegou a voltar para parte dos candidatos, mas os fiscais não deixaram que começassem a prova, devido ao problema no computador de outros candidatos.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, confirmou a existência de problemas, mas minimizou. "Tivemos alguns problemas? Tivemos. Mas todo processo novo está sujeito a obstáculos, empecilhos", disse. De acordo com ele, quem não fez a prova ontem poderá fazer o segundo dia da prova digital no próximo domingo e optar pela reaplicação apenas no primeiro dia de prova em fevereiro. Entretanto, se o candidato preferir fazer os dois dias de prova nos dias 23 e 24 de fevereiro, também poderá fazê-lo.

Diretor de Tecnologia do Inep, Camilo Mussi, afirmou que não houve problema de segurança, nada que comprometesse a lisura do certame. Segundo ele, houve um problema de um servidor que fazia a distribuição das provas, e alguns computadores não receberam os exames a tempo do início, às 13h30, mas receberam depois de mais de uma hora. "Gostaríamos que todos tivessem começado na hora, mas não foi possível, e alguns, pelo tempo, foram embora", disse. Entretanto, houve relatos de alunos dispensados não pelo horário, mas pela impossibilidade de fazer a prova devido ao sistema.

Sobre as abstenções, o presidente do Inep afirmou que o número continua alto, assim como o Enem regular, mas que o órgão entende que isso tem relação com a pandemia. "Muitas pessoas não saíram de casa para fazer a prova", afirmou. O estado com maior percentual de abstenções foi São Paulo, com 73,9%, seguido por Rondônia, com 73,1%, e Mato Grosso do Sul, com 71,3%.

Os números não contabilizam os inscritos no Amazonas, onde a prova será feita no dia das reaplicações, 23 e 24 de fevereiro, e candidatos de Macapá (AP) que fariam o exame no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap). A prova no local foi suspensa pelo Inep devido a problemas na estrutura do prédio.