Título: Educação é igual, mas homens detêm poder
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 13/11/2008, Tema do Dia, p. A4

Fórum Mundial destaca persistência das desigualdades.

As mulheres ainda estão muito atrás dos homens nos cargos mais importantes da política ou que envolvem tomada de decisões, o que é um desperdício de talento, já que elas têm o mesmo acesso a educação e saúde que os homens, informou o Fórum Econômico Mundial.

Em seu ranking anual de igualdade entre os sexos, no qual são avaliados 130 países, o instituto suíço colocou a Noruega, a Finlândia e a Suécia nos três primeiros lugares. A Arábia Saudita, o Chade e o Iêmen estão nos três últimos.

O Brasil ficou na 73ª posição, graças à participação econômica e educacional. Mas, na área de capacitação política, atingiu apenas o 100º lugar. A proporção de mulheres para homens no Parlamento e em cargos ministeriais é de 0,10 e 0,13 respectivamente, numa escala em que 1 significa igualdade entre os sexos.

O nível de desemprego entre as brasileiras também é mais expressivo em relação ao dos homens ¿ 11,7% das mulheres estão desempregadas, contra 6,80 % dos homens.

Em boa parte do mundo, as mulheres têm acesso praticamente igual ao dos homens à educação, saúde e recursos de sobrevivência. Mas, econômica e politicamente, o abismo entre os dois sexos continua amplo e profundo.

Sem influência

¿ As mulheres em todo o mundo são quase tão educadas e saudáveis quanto os homens, mas quase não aparecem na hora da tomada de decisões ¿ disse Saadia Zahidi, do Fórum Econômico Mundial, mais conhecido pela cúpula que realiza anualmente em Davos.

¿ Dado que as mulheres quase eliminaram a diferença com os homens na saúde e na educação, é um desperdício de talento elas não se igualarem na economia e na política ¿ observou o executivo.

O relatório usa dados das Nações Unidas e de outras fontes para calcular quanto dinheiro os países investem para diminuir as diferenças entre os sexos.

¿ O índice não prejudica os países menos desenvolvidos e que têm baixos níveis de educação geral, por exemplo, mas sim aqueles em que os níveis de educação são díspares entre homens e mulheres.

Chile e Cuba em destaque

Na América Latina, os países mais bem colocados são a Argentina, que tem Cristina Kirchner na Presidência, em 24º lugar; e Cuba, em 25º.

Os países africanos e do Oriente Médio tiveram as piores colocações. A disparidade é tanta que o relatório diz que isso prejudica a economia.

¿ A competitividade de uma nação depende significativamente de como ela educa e aproveita seu talento feminino ¿ ponderou Saadia Zahidi