Título: Déficit dos EUA mobiliza Davos
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2005, Economia, p. A18
Lula chega amanhã ao Fórum Econômico Mundial e buscará investidores internacionais
No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, que acontece até domingo em Davos, na Suíça, a tônica das discussões econômicas ficou por conta dos rumos da economia americana. Na abertura da primeira rodada de debates, o economista-chefe do banco americano Morgan Stanley, Stephen Roach, identificou como ''ponto débil'' da economia mundial o consumo americano, que tem como conseqüência o endividamento exagerado. O analista deixou claro as preocupações com o futuro das contas americanas, que obrigam os Estados Unidos a importar capital estrangeiro, para preservar seu consumo, alimentando seu já grande déficit. Apesar disso, analistas identificam um ponto de otimismo, ao lembrar que um eventual declínio da economia americana poderia ser compensado com novos centros de crescimento no mundo, citando a expansão da China e a recuperação da economia japonesa. O evento, este ano, tem como tema Assumindo Responsabilidade por Escolhas Difíceis.
A presença oficial do governo brasileiro será marcada a partir de hoje, com a chegada do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja participação no Fórum foi destaque há dois anos, chega amanhã ao evento. Lula vai apresentar as propostas do Brasil para o cenário político e internacional em 2005 e 2006. E, no dia 29, se encontrará com investidores estrangeiros para apresentar as perspectivas de investimento no Brasil. Em artigo publicado na revista do Fórum, Lula reconheceu que, nos dois primeiros anos, fez menos do que a sociedade brasileira exige e que, nos próximos dois anos, o país ''vai colher o que plantou''. Lula foi assunto de alguns dos principais jornais europeus. O diário espanhol El País destacou em reportagem publicada ontem os extremos entre as áreas econômica e social de sua administração. Já o britânico Financial Times comenta a agenda de encontros com investidores.
Ainda no primeiro dia do evento, no discurso de abertura, o primeiro ministro britânico, Tony Blair, e o presidente da França, Jacques Chirac, defenderam medidas de ajuda a países pobres e na redução da distância com os grandes centros.
Chirac propôs a criação ''experimental'' de um imposto mundial para combater a Aids, sugerindo como fontes a taxação de transações comerciais, fluxos financeiros de países com segredos bancários e combustíveis utilizados na aviação e na navegação. Chirac reafirmou a afinidade com o presidente Lula, na defesa de uma globalização ''mais justa''.
O primeiro ministro britânico, Tony Blair, conclamou os Estados Unidos e o mundo a ''trabalhar juntos para resolver os desafios internacionais''. Mas fez uma defesa à guerra contra o terrorismo.
- É um absurdo ter que escolher entre uma ação concentrada no terrorismo e outra na pobreza.
Com agências internacionais