Correio Braziliense, n. 21074, 04/02/2021. Brasil, p. 7

 

Doria sobre Pazuello: "Onde está Wally?"

04/02/2021

 

 

O sumiço do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que está na mira da Polícia Federal (PF) e do Tribunal de Contas da União (TCU), provocou comentários do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele voltou a alfinetar o Palácio do Planalto ao comparar a atuação do estado com a Federação, frente à pandemia. "Não é possível que só São Paulo responda pelas vacinas do Brasil. E o Ministério da Saúde? Onde está o ministro da saúde? Onde está Wally?", questionou Doria, fazendo alusão à série de livros que têm como objetivo encontrar o personagem em ilustrações repletas de elementos.

Desde a última sexta-feira (29/1), o ministro da Saúde não aparece nem se pronuncia publicamente. Ontem, o único compromisso foi uma videoconferência com a Frente Parlamentar da Indústria de Medicamentos, às 10h. Pazuello é investigado pela Polícia Federal em inquérito que apura se houve omissão do general diante do colapso na rede de saúde do estado do Amazonas.

O TCU, por sua vez, apontou ilegalidade no uso de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) na compra de medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina, no combate à covid-19. O tribunal deu 10 dias úteis para que o ministro de estado dê explicações sobre o uso desses medicamentos no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.

Ao criticar Pazuello durante o anúncio da chegada de mais 5,4 mil litros de matéria-prima para produção da CoronaVac, Doria cobrou respostas da pasta e do ministro. O governador argumentou que faltam informações, seringas, agulhas, homologação de leitos e vacinas. Afirmou, ainda, que o posicionamento não é uma questão política. "É questão de saúde, ciência, de vida", disse.

Na reta final para a formalizar a oferta de mais 54 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI), o Instituto Butantan, responsável pela vacina chinesa no Brasil, informou que terá capacidade de entregar todas as 100 milhões de unidades acordadas até setembro.

Outra demanda feita pelo governo federal foi o registro definitivo da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No ofício em que confirmou a intenção de compra, a pasta pede antecipação do processo até o final de fevereiro.

Sem definir uma data, o diretor do Butantan, Dimas Covas, voltou a destacar que o pedido será feito simultaneamente com a China. "A Sinovac está na fase final de submissão do registro na agência chinesa. Quando isso acontecer, o que deve ser em brevemente, imediatamente a mesma documentação vai entrar aqui na nossa Anvisa. Será simultâneo. Isso deve acontecer muito brevemente".

Das 46 milhões de doses previstas para serem entregues até abril, o Butantan liberou 8,7 milhões. Com a chegada de mais 5,4 mil litros de litros do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), ontem, uma nova remessa de vacinas começará a ser entregue em 23 de fevereiro. Incluindo mais 5,6 mil litros de IFA previstos para entrega em 10 de fevereiro, a previsão é de que o Butantan tenha capacidade de liberar 600 mil doses por dia. (BL, MEC e ST)