Título: Negro nos EUA liga Aids à conspiração
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2005, Internacional, p. A12
WASHINGTON - Um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que uma parcela significativa da população negra do país acredita que cientistas do governo americano criaram a Aids em laboratório, para exterminar comunidade afro-americana. O estudo foi realizado pela Rand Corporation e pela Universidade de Oregon e divulgado essa semana.
Quase a metade dos 500 entrevistados acredita que o HIV, vírus que causa a Aids, foi fabricado pelo homem. Mais de um quarto acredita que o vírus foi produzido nos laboratórios do governo e 12% pensam que o HIV foi criado e espalhado propositalmente pela CIA. Os autores da pesquisa afirmam que estas crenças prejudicam os esforços para a prevenção da doença entre negros.
Os negros são 13% da população dos Estados Unidos, mas segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças estima-se que representarão 50% dos novos casos de HIV no país.
O estudo também revelou que uma pequena maioria dos negros acredita que a cura para a Aids tem sido escondida dos pobres, 44% disseram que as pessoas que tomam os novos medicamentos para HIV estão sendo usadas como cobaias e 15% acreditam que a doença é uma forma de genocídio contra pessoas da raça negra.
Ao mesmo tempo, 75% afirmaram que acreditam que agências de saúde pública estão trabalhando para parar com o avanço da doença entre a população negra.
- Sabia da existência dessas crenças, não estou surpresa como meus colegas da pesquisa. A constatação é impressionante e um alerta - afirma Laura Bogart, co-autora do estudo.
Na'im Akbar também não está surpreso, o professor de psicologia da Universidade Estadual da Flórida, especialista em comportamento afro-americano, enfatizou que essa visão é baseada na experiência de 300 anos de escravidão.
- Não é um monte de pessoas malucas correndo e dizendo que eles estão por aí para nos pegar- afirma.
Akbar citou o experimento Tuskegee conduzido pelo governo americano, entre 1932 e 1972, em que cientistas mentiam aos negros que estavam sendo tratados para sífilis, para realizar estudos sobre a doença.