Título: Em dois meses, 25% da meta
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2005, Economia & Negócios, p. A21
Os preços dos alimentos, da educação e da energia elétrica são os vilões da inflação neste início de ano. Eles são os componentes que farão a inflação somar, somente em janeiro e fevereiro, 1,2%, o que representará um quarto da meta estipulada pelo governo para todo o ano de 2005. Na ata, divulgada na última quinta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) reconhece que os preços andam mais altos do que o desejado, o que justificaria mais elevações na taxa básica de juros.
Somente os alimentos subiram 0,97% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15). Vilões agora, eles podem ser os super-heróis no controle à inflação no futuro.
- A tendência é que a partir de março a inflação volte a patamares bem mais baixos, quando o efeito do dólar baixo nas commodities (que incluem alimentos) começar a fazer efeito - explica o especialista em inflação do Grupo de Conjuntura da UFRJ, Carlos Thadeu de Freitas Filho.
O dólar, segundo o sócio da consultoria Tendências Roberto Padovani, será um dos aliados do Banco Central no controle da inflação este ano.
- Ele fará com que os IGPs (Índice Geral de Preços) venham menos pressionados este ano - avalia, sugerindo uma alta de 6,3% no indicador de inflação. Isso porque são bastante influenciados pelo dólar.
São eles que corrigem os serviços administrados. Mesmo assim, o próprio Copom espera para este ano um reajuste de 9,5% na energia elétrica e de 7,7% de telefonia. Os administrados, segundo o Copom, vão aumentar 6,7%. Eles representam 29,4% do IPCA.
- Os administrados dificultam o trabalho do Banco Central, já que não são sensíveis às ações da política monetária e faz com que o aperto na parte sensível seja muito maior. O ônus é um crescimento menor - avalia o economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa.
Os preços dos telefones começam a escalada no próximo mês, com a correção das tarifas da telefonia móvel e das chamadas de telefones fixos para celular. No contrato de concessão dos serviços, as tarifas do setor são corrigidas pelo IGP-DI (Disponibilidade Interna), que em 2004 ficou em 12,14%. A partir do ano que vem, contudo, as tarifas de telefone vão ser corrigidas por um novo indexador, o IST - para o setor de telecomunicações.
- O índice será elaborado para mensurar os custos do setor, mas existe a perspectiva de que apresente leve redução em relação ao atual indexador - estima o gerente-geral de competitividade da superintendência de serviço da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), José Gonçalves Neto.