Título: BNDES não sente efeitos da crise
Autor: Americano, Ana Cecília
Fonte: Jornal do Brasil, 14/11/2008, Economia, p. A20

Este ano, desembolsos chegaram a R$ 71,5 bi, 44,3% a mais que no mesmo período de 2007.

A crise não teve reflexo sobre as operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

¿ Não vimos nenhum esmorecimento da tendência de investimentos. Ao contrário. Para nossa surpresa, cresceram as consultas, os desembolsos e a aprovações de crédito ¿ resumiu, ontem, Luciano Coutinho.

Os números do banco, de fato, demonstram recordes apenas um mês após eclodir a desconfiança generalizada entre os agentes econômicos no mercado internacional. No caso dos desembolsos, a instituição concedeu em outubro R$ 10,1 bilhões, mesmo diante do cenário de turbulência internacional. Já de novembro de 2007 a outubro de 2008, o valor chegou a R$ 86,5 bilhões ¿ um crescimento de 30% sobre os doze meses anteriores. Em 2008, entre janeiro e outubro, o total chegou a R$ 71,5 bilhões. Neste caso, comparando com igual período de 2007, o aumento foi de 44,3%.

Chama a atenção, ainda, as consultas nos dez primeiros meses do ano: elas envolveram projetos que potencialmente somariam R$ 152 bilhões, um crescimento de 47% sobre 2007 no mesmo intervalo. Apenas no mês de outubro, equivaleram a recursos da ordem de R$ 21,4 bilhões.

O mesmo aquecimento da demanda por recursos para o investimento também se apresentou na FINAME, focada em máquinas e equipamentos. Os desembolsos nessa linha de crédito atingiram R$ 21,5 bilhões em 12 meses, ou 33% a mais que o mesmo período um ano antes. Nas linhas para exportação, informou Coutinho, deu-se mais um aumento, no valor de 44,5% nos desembolsos entre janeiro e outubro, somando US$ 4,5 bilhões.

¿ Desde setembro, quando o crédito internacional se retraiu, já recebemos demanda por US$ 1,5 bilhão à nossa linha de pré-embarque ¿ afirmou o dirigente. Tantos indicadores positivos, para ele, confirmariam a robustez e a pujança do investimento no país. Coutinho admitiu, no entanto, que parcela da demanda poderia ter origem na falta de crédito no setor privado.

O dirigente admitiu que haverá um desafio de funding do banco em 2009, já que parte da folga prevista em 2008 está sendo usada neste final de ano.