Título: Clamor binacional pela sensatez
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2005, Internacional, p. A13

''Na qualidade de cidadãos comprometidos com a integração entre Colômbia e Venezuela, que têm há muito tempo trabalhado a favor de um conhecimento maior e um entendimento recíproco entre nossos países, registramos com grande preocupação a atual crise entre os governos. Diante dos urgentes desafios de um mundo global, Venezuela e Colômbia não podem deixar que ocorra um distanciamento, que não só prejudica os interesses de ambas as nações como também mina a integração andina e sul-americana, de importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social dos países.

Para restabelecer a confiança mútua é necessário, antes de tudo, que se esclareça a situação e se compreenda o que permitiu que se chegasse ao caso Granda. É preciso também um reconhecimento das respectivas responsabilidades. Solicitamos aos dois presidentes que recuperem imediatamente o diálogo construtivo iniciado no ano passado. Ambos os governos deverão estabelecer de comum acordo uma pequena comissão tripartite com membros dos dois países e representantes de um terceiro país latino-americano, que sugeriria medidas para impedir a repetição de episódios como o atual. E os dois governantes deveriam se comprometer de antemão a aceitar as decisões deste terceiro país.

Conscientes da gravidade da circunstância, os funcionários públicos, os dirigentes políticos e sociais, os meios de comunicação da Colômbia e da Venezuela deveriam abster-se de utilizar a delicada situação em benefício próprio ou permitir que gere mesquinha popularidade interna. Qualquer atitude nesse sentido agrava a polarização e o conflito. Pedimos a todos os atores envolvidos que se comprometam com o fortalecimento da relação entre as duas nações, e em particular com a proteção dos laços das populações que residem nas fronteiras e sofrem com as piores conseqüências da crise.

Desde já, é essencial que ambos os governos resolvam suas diferenças negociáveis com total independência dos Estados Unidos, cujos interesses neste caso vão além das diferenças entre os dois países.

Longe de permitir que se transforme em obstáculo insuperável para uma construtiva relação entre as duas nações, o caso sobre o qual nos debruçamos deve ser uma oportunidade para reativar de modo eficaz todos os mecanismos institucionais dos países vizinhos. Para então fortalecer uma relação baseada no direito internacional, no mútuo respeito da soberania entre os países e na promoção de mecanismos que nos levem para uma progressiva integração, como patrimônios que devem ser preservados e princípios de amizade, de cooperação e de confiança que irão se restabelecer.