Título: Réveillon já sofre com crise
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2008, Tema do Dia, p. A3
Quando os fogos de artifício anunciarem a chegada de 2009, a cidade terá menos motivos para comemorar: a julgar pelas expectativas das associações ligadas ao turismo no Rio, o próximo Réveillon carioca pode amargar a pior recessão dos últimos nove anos. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) já registra uma queda de 8% nas reservas hoteleiras da cidade, índice que representa cerca de 15 mil turistas estrangeiros a menos. Em cifras, a ausência de tantos visitantes pode representar um déficit de quase R$ 100 milhões na economia local.
Embora a RioTur ainda estime um tímido crescimento de 2% no volume de turistas, a ABIH já intensificou as ações de marketing voltadas para o mercado nacional e países vizinhos, a fim de compensar o menor fluxo de pessoas principalmente americanos e europeus, intimidados com a crise financeira internacional.
Estamos triplicando o número de eventos de divulgação do Rio em países como Argentina, Uruguai, Chile e até em Londres conta o presidente da ABIH, Alfredo Lopes. Já no mercado nacional, estamos reunindo agentes de viagens de todo o país em eventos em Belo Horizonte e São Paulo, incluindo interior e capital. As poucas reservas acionaram o alerta e estamos trabalhando para dirimir os prejuízos. Segundo a RioTur, cerca de 600 mil turistas vieram ao Rio no réveillon do ano passado 30% deles estrangeiros, o equivalente a 180 mil pessoas e movimentaram em torno de R$ 1 bilhão. A queda de 8% na reserva hoteleira pode representar menos 15 mil turistas estrangeiros gastando em torno de US$ 250 por dia. Como o Réveillon deste ano cai numa quarta-feira e a média de estadia é de mais de nove dias, segundo o Instituto Pereira Passos (IPP) o prejuízo poderá chegar a R$ 100 milhões.
A previsão da RioTur, porém, é de que neste Réveillon haja um crescimento de 2%, provocado principalmente pela maior demanda do mercado nacional que, para o secretário municipal de Turismo, Rubem Medina, tende a crescer em meio à crise: O índice não representa o fluxo de turistas da cidade, mas de todo modo ainda temos um mês para nos recuperarmos pondera. Lógico que existe uma preocupação, e provavelmente vai haver uma movimentação financeira menor, mas não acredito que o Rio será afetado. Temos, por exemplo,o turismo náutico em franca ascensão, com um aumento de 30%, apesar da crise.
Primeira queda em nove anos
O Rio vem acumulando au- mento no fluxo de turistas desde 1999, segundo a RioTur. Desde então, a cidade viu o número de visitantes na cidade saltar de 276 mil para 600 mil um aumento de 88% em nove anos. A turbulência financeira mundial, porém, mudou os rumos do mercado. O Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes ainda não concluiu o estudo de perspectivas para o Réveillon, mas notou uma demanda diferenciada de algumas operadores de turismo, que pediram realinhamento de preços por conta das constantes mudanças de câmbio desencadeadas pela crise.
O sindicato também intensificou as campanhas em feiras de turismo Brasil afora, mas o presidente Alexandre Sampaio afirma que a percepção geral é de que vai haver grande demanda do mercado nacional. Além disso, Sampaio acredita que as notícias de violência do Rio não vão afetar os turistas brasileiros, normalmente mais suscetíveis ao que é veiculado na mídia. Historicamente, o turista do Réveillon percebe a virada do ano como um momento diferenciado, e não é afetado pelas notícias argumentou. Além disso, a parcela de turistas que deixarão de ir para o exterior tem um poder aquisitivo mais alto e poderá compensar a perda.