Correio Braziliense, n. 21083, 13/02/2021. Cidades, p. 14

 

14 mil vacinados na semana

Samara Schwingel 

13/02/2021

 

 

Na semana em que o Distrito Federal começou a vacinar pessoas com 79 anos, 13.997 brasilienses receberam a primeira aplicação de imunizantes contra a covid-19 no DF. O balanço, calculado pelo Correio, equivale ao total dos últimos cinco dias. No entanto, apesar do avanço da campanha, fontes da Secretaria de Saúde (SES-DF) afirmam que os gestores da pasta estão preocupados com uma possível interrupção no processo, por falta de novas doses. Por isso, o Executivo local espera alcançar a maior parte do público-alvo da fase atual na próxima semana.

A previsão para recebimento de mais doses, por enquanto, se mantém para 23 de fevereiro. Porém, a data pode ser adiada, pois a distribuição depende do Ministério da Saúde. Se isso não ocorrer, o DF terá de paralisar o processo de imunização sem conseguir ampliar as faixas etárias dos grupos prioritários.

Desde o início da campanha de imunização, em 19 de fevereiro, 111.028 pessoas foram vacinadas no DF, sendo que, desse total, 9.895 tomaram as duas doses, até ontem. A região Central de saúde foi a que mais recebeu imunizantes — cerca de 41,2 mil. A área é composta pelas asas Sul e Norte, os lagos Sul e Norte, as vilas Planalto e Telebrasília, além de Sudoeste/Octogonal, Cruzeiro e Noroeste. A região Leste — formada por Paranoá, Itapoã, Jardim Botânico e São Sebastião — ficou em último lugar entre as sete consideradas, com 5.238 mil doses disponíveis.

O período de carnaval preocupa as autoridades sanitárias e de saúde. Apesar de as festas estarem proibidas até 21 de fevereiro e da criação de uma força-tarefa do Governo do Distrito Federal (GDF) para coibir festas clandestinas ou ações em desacordo com as normas sanitárias, há risco de o número de casos da covid-19 aumentar nas próximas duas semanas. Além disso, Brasília é uma das quatro capitais brasileiras em que haverá ponto facultativo na data. "(A possibilidade de alta de casos) depende muito do comportamento das pessoas. Por isso, é preciso reforçar que este não é o momento de aglomerar", ressalta o infectologista Hemerson Luz, do Hospital das Forças Armadas (HFA).

Monitoramento

Entre quinta-feira e ontem, a SES-DF contabilizou mais 512 pessoas com covid-19 e 11 mortes provocadas pela doença. No total, o Distrito Federal acumula 283.706 infectados e 4.671 vítimas. Do total de contaminados, 273.949 (96,6%) se recuperaram. O cálculo da média móvel de casos referente às duas últimas semanas ficou em 525,7 — 49,5% menor do que há 14 dias. Em relação às mortes, o resultado foi de 10,14 — queda de 2,8% na comparação com o verificado na última sexta-feira de fevereiro.

Para o infectologista Hemerson Luz, apesar de os dados da capital federal não parecerem alarmantes quando comparados aos de outras partes do país, este não é o momento de relaxar com os cuidados. "A pandemia ainda não acabou. Qualquer mudança abrupta no número de casos pode, sim, levar a um colapso no sistema de saúde", alerta o especialista.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que os indicadores da média móvel de mortes, da taxa de transmissão, da ocupação de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) e enfermarias para pacientes com covid-19 são monitorados diariamente. A pasta orienta a população a evitar aglomerações, manter o uso de máscaras e higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel. Sobre a possibilidade de novas cepas do novo coronavírus circularem no DF, a SES-DF afirmou que não há confirmação de nenhuma variante na capital federal. Todos os casos registrados estão sob monitoramento da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) e do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), segundo a secretaria.

Doação
A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) doou, ontem, 100 caixas térmicas — que seriam usadas por ambulantes no Carnaval — para o transporte de vacinas. Durante a entrega, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o secretário de Saúde Osnei Okumoto afirmou que a doação vai garantir um transporte seguro dos imunizantes. "Ouvimos muito, em outras crises, que perdiam-se muitas vacinas, transferidas para locais muito longínquos. Hoje, podemos conservá-las", declarou.